Muitas Vozes
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<p>A revista Muitas Vozes é uma publicação com periodicidade contínua do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que se constitui em um espaço de reflexão sobre questões de linguagem em suas múltiplas manifestações. Sua missão é divulgar resultados de pesquisas da área de Letras e Linguística, separadamente ou em interseção com áreas afins.</p> <p>E-ISSN: 2238-7196</p>Editora UEPGpt-BRMuitas Vozes2238-7196<p><strong><a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license"><img src="https://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png" alt="Licença Creative Commons" /></a><br />Este obra está licenciado com uma Licença <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR" rel="license">Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional</a>.</strong></p> <p><strong>Transferência de direitos autorais</strong><strong>:</strong> Caso o artigo submetido seja aprovado para publicação, JÁ FICA ACORDADO QUE o autor AUTORIZA a UEPG a reproduzi-lo e publicá-lo na <em>REVISTA MUITAS VOZES</em>, entendendo-se os termos "reprodução" e "publicação" conforme definição respectivamente dos incisos VI e I do artigo 5° da Lei 9610/98. O ARTIGO poderá ser acessado tanto pela rede mundial de computadores (WWW - Internet), como pela versão impressa, sendo permitidas, A TÍTULO GRATUITO, a consulta e a reprodução de exemplar do ARTIGO para uso próprio de quem a consulta. ESSA autorização de publicação não tem limitação de tempo, FICANDO A UEPG responsável pela manutenção da identificação DO AUTOR do ARTIGO.</p>EXPEDIENTE E APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ (VOLUME 12, 2023)
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<p>Expediente.</p>
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaDUAS VERSÕES DO FORA: DISTINÇÃO E DISSOLUÇÃO
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<p>Na virada linguística dos séculos XIX e XX, que questiona a suposta neutralidade da linguagem, o fora foi uma estratégia empregada por alguns pensadores, sobretudo alemães e franceses, para escapar do positivismo dos discursos do conhecimento. Como gesto crítico à modernidade, essa posição reflexiva não afirma algo, mas desdobra os discursos infinitamente, negando até alguns dos elementos mais caros à literatura moderna como a autoria e a obra. Isso perpassa escritores como Novalis, Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger, Georges Bataille, Roland Barthes, Michel Foucault e Maurice Blanchot. Enfatizando esse último, em especial seu livro <em>A conversa infinita</em> (1969), este artigo comenta como o pensamento do fora se configura em dois cronótopos, o 1800 e o 1970, apontando sua influência sobre os respectivos entendimentos de literatura. Por fim, reflete sobre sua presença na produção brasileira contemporânea, em particular na ficção de Hilda Hilst e de Juliano Garcia Pessanha.</p>Suelen Ariane Campiolo Trevizan
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaO CONCEITO DE VIVER ENTRE LÍNGUAS A PARTIR DE UMA ANÁLISE DA OBRA KOSMOFONIA: MBYÁ-GUARANI
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<p>A obra <em>Kosmofonia: Mbyá-Guarani</em> (2006), organizada por Guillermo Sequera e Douglas Diegues, é um trabalho que se destaca pela qualidade da análise antropológica. A pesquisa desenvolvida com a comunidade M’byá ao longo do Rio Paraná, no entanto, é muito mais do que um simples tratado acerca de tal cultura indígena e sua ligação com o <em>kósmos</em>. A obra explora uma maneira peculiar de abordagem do tema, mesclando língua portuguesa, espanhola e guarani, no que podemos considerar um “<em>portunhol selvagem</em>”. Desse modo, o presente artigo se baseia nos estudos de Benjamin (1967), Gasparini (2012), Catonio (2018), Jasinski (2021) e Molloy (2018), com o objetivo de analisar o conceito de “viver entre línguas”, bem como relacionar o texto com textos de outros autores com abordagem semelhante. Este estudo corrobora para a concepção de um fazer literário exclusivo às regiões de fronteira, no qual as línguas se mesclam e refletem na arte e na cultura de amplas regiões.</p>Tessio StelmatchukEdson Santos Silva
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaO MOVIMENTO DA CIDADE: AS MÚLTIPLAS VOZES EM HOMBRES DE MAR, DE ÓSCAR COLCHADO LUCIO
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<p>Este artigo analisa <em>Hombres de mar</em>, de Óscar Colchado Lucio, escritor andino-peruano que, na obra em questão, concentra seu olhar na região do Chimbote, área pesqueira que teve seu auge nos anos de 1960. O foco do estudo é o processo migratório que envolve as personagens em circunstâncias que instauram o que a escritora Sylvia Molloy identifica como “vivir entre lenguas”, já que os sujeitos se constituem em um espaço em que o idioma espanhol instituído convive – e se mescla – com o quéchua subalternizado; em que o homem da serra se embate com o da costa; em que, no âmbito estético, a literatura peruana neo-indigenista dá lugar à narrativa andina; em que a voz que narra se mescla àquela que escreve. O objetivo deste estudo é refletir sobre o impacto desse movimento na construção de identidades, inclusive a autoral, pautadas pela heterogeneidade e hibridização (Cornejo Polar). Ao possibilitar que essas variadas nuances conjuguem a vida urbana costeira e a cosmovisão andina, Colchado Lucio arquiteta o Chimbote como um entre-lugar (Silviano Santiago), onde o cais tanto é personagem quanto local de diálogo e de interface de línguas e vozes.</p>Rosane Maria Cardoso
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaHETERONOMIA E RESISTÊNCIA: POROSIDADE E EXTERIOR EM CERTA POESIA BRASILEIRA
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<p class="western" align="justify">Este artigo analisa algumas obras e autores de poesia contemporânea brasileira por meio da ideia de heteronomia, a partir das provocações da crítica argentina Florencia Garramuño. A hipótese aqui é que diversos gestos da dita poesia lançam mão de procedimentos que encenam um texto poroso em relação a sua exterioridade, desenhando para a poesia uma identidade que não se define por meio de um discurso da espécie ou do próprio. Fazendo isso, tais poemas inserem a poesia em um campo expandido que abdica da posição transcendente tanto no que toca à sua relação com outras práticas no campo social, quanto no que toca a concepção da resistência política de que essa poesia é capaz. Por fim, para melhor precisar essa problemática, contraponho o paradigma de Garramuño à concepção das relações possíveis entre literatura e política assumida por Iumna Maria Simon.</p>Mauricio Chamarelli Gutierrez
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaO EXÍLIO DA PESSOA NEGRA: UM DIÁLOGO ENTRE CONCEIÇÃO EVARISTO E TITUS KAPHAR
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<p>Este artigo se dedica a apresentar uma aproximação entre literatura e outras artes, mais especificamente, entre a poesia de Conceição Evaristo e a pintura de Titus Kaphar. Centramos nossa análise nos poemas “Vozes-mulheres” e “Certidão de óbito”, da poeta brasileira, e nas telas <em>A space to forget</em> e <em>From a tropical space</em>, do pintor estadounidense. Para tanto, conduzimos um gesto analítico desde uma perspectiva exílica, a qual reconhecemos representar a condição da pessoa negra nos territórios americanos e que está fortemente marcada, em tom de denúncia, na obra de Conceição Evaristo e Kaphar. A análise está amparada nos estudos de Said (2002), Nancy (1996), Pacheco (2022), Kilomba (2019) e Pollak (1992).</p>Lucan Fernandes MorenoLeonardo GuisantesMarly Catarina Soares
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaEMANCIPAR A SUBJETIVIDADE: NOTAS SOBRE RECADO AO PARENTE, DE GUSTAVO CABOCO WAPICHANA
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<p><em><span style="font-weight: 400;">Recado ao parente: fortificar nossos elos </span></em><span style="font-weight: 400;">(2020) é um dos trabalhos do multiartista indígena Gustavo Caboco Wapichana. Como é recorrente na atuação artística do autor, este trabalho é composto a partir de variadas linguagens; verbais, visuais e sonoras, destacando-se por sua fertilidade poética e por abordar temas éticos, políticos e vitais para a existência dos povos indígenas. Uma das questões mais instigantes provocadas por ele é a urgência de se cultivar subjetividades insubmissas e emancipadas. Ou seja, para que a potência vital de criação (Rolnik, 2019) seja exercitada é necessário que práticas subjetivas sejam estimuladas, e um dos caminhos que demonstra oferecer subsídios mais efetivos é o da experiência artística e sensível. Assim, para que a vida seja afirmada de maneira plena e não anestesiada é indispensável cultivar práticas afetivo-criativas, entendendo-as como nutrientes substanciais para se confrontar o “Coma Colonial” (Caboco, 2022).</span><span style="font-weight: 400;"> </span></p>Thiago Alexandre Correa
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaQUANDO PATRÍCIA LINO RECICLA ANA HATHERLY: A NÃO ORIGINALIDADE PARÓDICA EM VARIAÇÕES SOBRE A SAUDADE (2021)
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<p><span style="font-weight: 400;">O presente artigo pretende analisar a "Variação XVIII, Ana", publicada na antologia </span><em><span style="font-weight: 400;">Variações sobre a Saudade </span></em><span style="font-weight: 400;">(2023), de Patrícia Lino, a partir de, principalmente, as perspectivas de literatura não original e de paródia propostas, respectivamente, por Marjorie Perloff (2013) e Linda Hutcheon (1985). Dessa forma, entende-se que a "Variação XVIII, Ana", ao variar o poema "O Terceiro Corvo", de Ana Hatherly, faz uma paródia não original desta produção, visto que Lino, ainda que reconheça o legado da PO.EX e dele se aproprie, corrige-o moralmente, intervindo no poema. </span></p>Bianca Raupp MayerRita Lenira de Freitas Bittencourt
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaA TRANSPOSIÇÃO DO POEMA À CANÇÃO EM “POEMA DA MULHER SUJA”, DE ANGÉLICA FREITAS E VITOR RAMIL: COMPATIBILIDADES E OUTROS ESPAÇOS DE SÍNCRESE ENTRE TEXTO E CANÇÃO
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<p><span style="font-weight: 400;">Este artigo objetiva analisar em que medida traços da linguagem poética compatibilizam-se e incompatibilizam-se com a linguagem musical na transposição do poema à canção “poema da mulher suja” (2022), que tem, como letra, o poema de Angélica Freitas de mesmo título, apropriado por Vitor Ramil, que, a partir disso, constrói o arranjo da canção de dupla autoria. Nesse sentido, a investigação das compatibilidades e das incompatibilidades em “poema da mulher suja”, ao perpassar os conceitos de figurativização, passionalização e tematização sugeridos por Luiz Tatit em </span><em><span style="font-weight: 400;">A canção: eficácia e encanto </span></em><span style="font-weight: 400;">(1986), expõe novas associações entre o componente linguístico e o musical, colocando em xeque a noção de eficácia da canção e, assim, a preservação integral do paradigma estético. </span><span style="font-weight: 400;"> </span></p>Rafael SilvaBruna Farias Machado
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaDISCURSOS DE/SOBRE UMA PERSONAGEM À DERIVA NO CONTO “AMOR”, DE CLARICE LISPECTOR
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<p>Silenciamento, invisibilidade, inferioridade, normatização dos corpos e condutas são palavras que atravessam e constituem os discursos que traçaram a história das mulheres, que sempre foram subjetivadas por verdades engendradas historicamente. Verdades que argumentam a partir de seu corpo, sua sexualidade, sua forma de ser e de estar no mundo. Nesse contexto, encontra-se Ana, personagem protagonista mulher do conto “Amor” de Clarice Lispector, a qual, em determinado momento de sua história, passa por uma epifania, ficando à deriva, isto é, no limiar do mundo novo que se apresenta diante dela. Assim, este artigo tem o objetivo de lançar luz sobre essa mulher, convocando, de um lado, os Estudos Discursivos Foucaultianos, notadamente os conceitos de discurso, sujeito e verdade conforme propõe Michel Foucault; de outro, e complementarmente, a perspectiva da literatura fora de si, a partir das discussões de Natalia Brizuela e Florencia Garramuño, de modo a aproximarmos as reflexões em torno de um corpo transgressor que nos leva a considerarmos os limites, meios e extremos presentes desde o final dos anos 60, resultando em uma literatura denominada por Brizuela como “conceitual”. A análise aponta outros possíveis caminhos para se ler a literatura contemporânea, sobretudo a escrita empreendida por mulheres.</p>Thaise Maria Armelin EliasNathalia Santos CamargoDenise Gabriel Witzel
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaPAULO AUGUSTO E A POESIA HOMOERÓTICA: TRANSGRESSÃO E PIONEIRISMO EM FALO
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<p>O século XX foi marcado pela ascensão de movimentos sociais que reivindicaram visibilidade a corpos oprimidos. Essa mudança foi de extrema importância para que nos dias de hoje a presença desses corpos fosse mais recorrente, abrindo-se espaço, por exemplo, para suas representações literárias. Contudo, no cenário brasileiro, o lugar de uma literatura <em>queer</em> ainda é incerto e evidencia-se que muitos autores e textos permanecem à margem. Assim, a partir de um trabalho de resgate, o artigo propõe-se a recuperar aspectos da obra <em>Falo</em>, de Paulo Augusto, escritor potiguar que, durante a década de 70, publicou seu primeiro livro com um tom assertivo e ácido em plena ditadura militar. Como referencial teórico, a pesquisa ampara-se em nomes como Judith Butler, Michel Foucault, Guacira Lopes Louro, Richard Miskolchi. Nesse contexto, tomando como base aspectos da teoria <em>queer</em>, a pesquisa deteve-se sobre três poemas (“Avant-premiere”, “Vae Victis” e “Estatuto”), observando como os textos lidam com temáticas como a imposição social de um gênero, a repressão sobre corpos dissidentes à norma sexo-gênero cisheteronormativa e a posição de margem ocupada por esses corpos. Dessa forma, pretende-se dar visibilidade a um autor que, embora pioneiro na exploração de uma poesia homoerótica, acabou sendo invisibilizado pela crítica.</p> <p><strong> </strong></p>Karla Renata MendesJosé Vinicius Dos Santos
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaSOBRE LITERATURA MENOR: A ESCRITA DE DIAMELA ELTIT
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<p>Por muito tempo, o cânone literário ditava as regras dentro da literatura, espaço que era ocupado majoritariamente por homens brancos. A partir dos estudos culturais, tem sido possível abrir espaço para literaturas escritas por outra parte da população, como por exemplo as mulheres, e assim podemos hoje estudar a escrita de Diamela Eltit. A autora fala sobre minorias marginalizadas sob o ponto de vista de alguém que viveu a ditadura do Chile sendo parte de um coletivo que atuou fortemente contra o período ditatorial, tendo escrito e publicado seu primeiro romance nessa época. A partir disso, falaremos aqui sobre a escrita de Diamela Eltit e sobre como ela se insere no mundo literário como uma literatura menor, a partir de autores como Deleuze e Guattari (1975) e Lértora (1993), para que seja possível analisar como a literatura de Diamela se insere nesse conceito de literatura menor e como os marcadores de sua escrita coincidem com as características das literaturas menores. Entendemos, por fim, que os marcadores da escrita de Diamela a caracterizam como uma autora de literatura menor, e que a escrita sobre esses temas abrangidos sobre esse tipo de literatura são fundamentais para a formação do sujeito.</p>Mariana de AlmeidaNincia Cecilia Ribas Borges TeixeiraLeticia Barros Soares
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaENEGRECENDO A CRÍTICA: POR UMA EXPERIÊNCIA DO FORA
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<p>O artigo proposto tem como objetivo central enegrecer a crítica literária e, junto com ela, a experiência do fora. Para esse movimento é necessário descolonizar o “fora” tal como foi pensado nos moldes ocidentais, eurocêntricos e descolonizar a crítica, que é branca, cis e heterossexual. Como aportes teóricos-epistemológicos traremos a literatura preta de Conceição Evaristo (1996) e o feminismo negro para tensionar a crítica canônica, o discurso autorizado de supremacia branca, imperial e patriarcal. Assumiremos correr o risco e pensar a encruzilhada como experiência do fora ou como agenciamento maquínico- político do povo preto. Iremos propor linhas de fugas, trânsitos e deslocamentos necessários para ampliarmos a semântica da crítica e legitimarmos o olhar crítico, para que nós, sujeitos pretos, possamos pensar a crítica literária e nossos múltiplos processos de subjetivação. Um dos resultados obtidos e esperados é que precisamos, enquanto negros, erguer as nossas vozes para que a nossa história possa ser contada por mãos negras. Por fim, conclui-se que precisamos tensionar essa crítica que se construiu a partir de um regime de autorização discursiva, potencializar novas experiências do fora e novos processos de subjetivação, a partir de nós mesmos, tendo a literatura preta como a nossa potente encruzilhada de luta e emancipação.</p>Paulo Petronilio
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaA ESCRITA DE MULHERES NEGRAS COMO UM DISPOSITIVO QUE TENSIONA E SUBVERTE A TEORIA LITERÁRIA
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<p><em><span style="font-weight: 400;">A questão relativa à definição do que se constitui ou não como sendo um caso de autoria em textos literários é um debate bastante longo que segue como um gerador de grandes controvérsias. No entanto, o que se pode perceber é que tais conceitos foram produzidos desde um lugar de poder estabelecido - intelectuais homens, brancos e europeus - apesar de não terem tido seus locais de enunciação devidamente marcados. Roland Barthes como um dos grandes expoentes a trabalhar as noções de autoria desde um paradigma estruturalista defendia que a escrita contaria com uma suposta neutralidade da linguagem e da dissociação do corpo e história daquele que escreve, sustentando assim que o início da escrita seria marcado pela morte do autor. A escrita de mulheres negras denuncia abertamente a impossibilidade de uma linguagem que se propõe neutra, abrindo um espaço potente de tensionamento e interrogação do cânone e contribuindo na construção de um paradigma decolonial, ético, estético e político.</span></em></p>Amanda FrancoCláudia Caimi
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaEM PASSO DE TANGO NO CALOR CARIOCA: ERRÂNCIA E DESPERTENCIMENTO EM TODOS OS PECADOS DO MUNDO, DE NORBERTO PRESTA
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<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;" align="justify"><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">Inserida no debate sobre as manifestações do “pensamento do fora” no cenário da literatura latino-americana contemporânea, proponho uma leitura dos movimentos errantes do personagem Manuel, de origem argentina, pelo Rio de Janeiro em </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><em>Todos os pecados do mundo: romance carioca. </em></span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">Tomo</span></span> <span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">por fundamentos os conceitos</span></span> <span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">de “estrangeiro” de Néstor Canclini (2016) e de Julia Kristeva (1994) para analisar a identidade desterritorializada do protagonista da trama. A estraneidade de Manuel, compreendida </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">basicamente através </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">de </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">seu</span></span> <span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">modo de andar e também de sua peculiar tentativa de enraizamento na cidade</span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">, permite concluir que o mesmo habita um </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">entre-lugar entre culturas que </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">conforma a representação simbólica do </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">despertencimento</span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">. Aludo também ao caráter do fora presente no trânsito constitutivo do romance, enquanto ficção, com as formas autoficcionais ou </span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">alter</span></span><span style="color: #000000;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">ficionais, conforme propõe Evandro Nascimento (2017) e ainda entre o estatuto da ficção e do testemunho do mundo, conforme o entendimento de Julián Fuks (2017).</span></span></p>Luciana Paiva Coronel
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaSILVIANO-SAMUEL: OS CONTORNOS HÍBRIDOS ENTRE ESCRITOR, AUTOR E NARRADOR EM O FALSO MENTIROSO
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<p>Os tensionamentos entre ficção e não-ficção se tornaram mais visíveis na narrativa brasileiro do século XXI, permitindo discussões sobre a factualidade do/s evento/s narrado/s. Apoiados nesse debate, propomos uma análise crítico-interpretativa da obra <em>O falso mentiroso</em> (2004), de Silviano Santiago, e sua composição de romance que simula uma autobiografia. A saber, elencamos e discutimos contornos entre as três figuras suscitadas na leitura (escritor; autor; narrador) para verificar a elasticidade da linguagem romanesca contemporânea, diligenciada, sobretudo, pelo retorno memorialístico. Destacamos, pois, alguns referenciais que embasam nosso debate: a) as definições estruturais de autoficção de Martins (2014), Nogueira (2018) e Santiago (2018); b) as teorias literárias contemporâneas de Hutcheon (1992), Ginzburg (2012) e Fuks (2016; 2017); c) e, as ideias sobre a categoria da memória propostas por Seligmann-Silva (2002) e Sarlo (2007). Nas conclusões, destacamos a condição de um caráter híbrido posto na obra, em vias de uma nova ficção erguida pelo pacto da ambiguidade mediante a narração do sujeito que, fragmentado pelo trauma, invenciona sua origem a partir da criação romanesca.</p>Renildo MedeirosJuliane Vargas Welter
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaA RELAÇÃO ENTRE EXÍLIO E O FORA NAS MISSIVAS DE CLARICE LISPECTOR
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<p>Esse escrito teve como objetivo explorar alguns excertos das correspondências pessoais de Clarice Lispector mantidas com suas irmãs durante os anos em que viveu fora do Brasil (1944 e 1959); tendo como fundamento para tal análise a questão do exílio. A temática do exílio foi direcionada no sentido de um ‘estar fora’, seja no significado de desenraizamento territorial como também condição própria da existência. Para tanto, utilizamos das cartas organizadas no livro <em>Minhas Queridas, </em>compiladas pela biógrafa Tereza Montero, além disso, recorremos dos aportes teóricos de Edward Said e Jean-Luc Nancy. Entendemos que pensar o exílio em Clarice é pensá-lo como algo próprio, não como propriedade, ou seja, como abertura para o mundo, como proximidade na distância. Dessa forma, a experiência pessoal de Clarice e a experiência de escritora, testemunha a linguagem e a existência como estrangeira e, ao mesmo tempo, como abertura do ser-no-mundo, que significa movimento de ser. Com isso, o 'estar fora' além de atravessar os discursos, ele também pode ser considerado uma 'rede produtiva' não somente para a vida pessoal da escritora, mas para a riqueza do contexto da sua literatura.</p>Flavia Neves FerreiraAna Claudia Andruchiw
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaOS VITRAIS LÍRICOS DE “AS MÃES DA SÍRIA”: ISABEL AGUIAR E OS RASTROS DO FORA
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<p>No presente ensaio, analisamos “As mâes da Síria” (2017) da poeta Isabel Aguiar, obra inspirada nas pinturas da exposição “O tempo dos Sonhos”, de Mario Rita (2005). Seu estilo poético aborda várias relações possíveis com o fora e repensa os entre-lugares e as ruínas de um mundo patriarcal que reproduz constantemente os desterrados. Sua poesia tematiza e reverbera os rastros do fora em seu sentido mais radical e político. Com auxílio de Isabel Aguiar, podemos notar que a ruína se põe como conceito paradoxal, como a presença do fora. Isso nos leva a Blanchot, para quem o poeta está sempre fora de si mesmo pois “o poema é exílio”.</p>Daniel de Oliveira Gomes
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaA MEMÓRIA E O TEMPO HISTÓRICO EM FACE À DITADURA MILITAR NO CONTEXTO DAS UNIVERSIDADES EM O LUGAR MAIS SOMBRIO, DE MILTON HATOUM
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<p>Na trilogia <em>O lugar mais sombrio,</em> Hatoum inova a sua técnica narrativa, ao trabalhar com múltiplos planos espaço-temporais, por onde se distende, sobretudo, a voz da personagem Martim que, ao compor um arquivo histórico-memorialístico, desenha o cenário sociopolítico de um dos períodos mais conturbados e opressivos da história recente brasileira. O presente artigo pretende analisar, com base nas elaborações hermenêuticas de Ricoeur, as relações entre testemunho histórico e escrita, que configuram, pelo viés da narrativa, a construção de um arquivo. Nos valeremos, outrossim, da pesquisa de Motta (2014), sobre o contexto das universidades na ditadura militar, a fim de interpretar as ações de caráter artístico-cultural e intelectual, desenvolvidas pelos jovens com os quais Martim se relaciona em duas importantes universidades, UnB e USP.</p>Tatiana Prevedello
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2024-02-232024-02-2312Publicação contínuaENTRETIEN AVEC LE PROFESSEUR DOCTEUR DOMINIQUE RABATÉ
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<p>O ensaísta, crítico e professor de literatura francesa moderna e contemporânea na Université Paris VII, <strong>Dominique Rabaté</strong>, nos concedeu no ano de 2019 essa pequena entrevista que teve como temas o seu livro <em>Désirs de disparaître. </em>Une <em>traversée du roman français contemporain (2015)</em> e <em>La Passion de l'impossible. </em><em>Une histoire du récit au xx<sup>e</sup> siècle </em>(2018); o curso que ministrava na Paris VI na ocasião; e por fim, ainda nos ofertou uma reflexão delineadora do papel do professor e do campo dos Estudos Literários nos dias de hoje.</p>Keli Cristina PachecoAndré Cechinel
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