Imagens e sons de histórias do tempo presente e do imediato: identidades e concepções de sujeito, memórias e subjetividades em (des)construção no cotidiano da História

Resumo

O objetivo deste artigo é, no contexto atual de alteração ou perda de sentido de teorias e conceitos nas Ciências Humanas, afirmar a possibilidade concreta dos historiadores produzirem conhecimento sobre acontecimentos recentes ou que ainda estejam transcorrendo. Buscamos refletir sobre as possibilidades dos historiadores produzirem registros históricos críticos sendo sujeitos dos acontecimentos em pauta, mesmo que tomem parte diretamente nesses processos. Isto tornou-se viável a partir de novas perspectivas teóricas que colocaram o fazer histórico em outro patamar no século XX, com produção de novos conceitos e significados que o favoreceram. O trabalho de historiadores de gerações mais novas e, especialmente, as idéias e trabalhos de Michel Foucault sobre o papel do intelectual como diagnosticador do presente possibilitou a construção do conceito de história do tempo presente. Essa concepção modificou o papel tradicional do historiador porque a prática da história do tempo presente requer abraçar a idéia de uma história inacabada, em constante movimento, que (des)constrói os acontecimentos que se desenrolam diante de nós, numa renovação infinita. A partir dessa perspectiva da história do tempo presente, emergiu a concepção de história imediata, elaborada para designar as obras escritas na esteira do acontecimento por seus atores, que começaram a proliferar a partir da segunda metade do século XX, tendo crescimento editorial e sendo vulgarizada na década de 1960. Os historiadores vêem-se frente a um contexto em que a situação nacional e internacional passou a demandar cada vez mais esclarecimentos, passando a haver então uma simetria entre produção histórica e demanda social.