Revista de História Regional
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<p>A Revista de História Regional define-se como espaço de divulgação de trabalhos que tenham enquadramento teórico e metodológico dentro do campo de pesquisa em História e Região. Articulada ao debate epistemológico na história e nas ciências sociais, a revista tem por objetivo discutir a historicidade das práticas sociais e culturais, das construções discursivas e da produção de sentidos que, no tempo e no espaço, resultam em distintos processos de regionalizações. Diferentemente de uma abordagem tradicional, que a caracterizava como uma porção da superfície terrestre possuidora de determinadas características homogêneas e limites geográficos e/ou políticos rígidos, a noção de “região” é, atualmente, concebida como um artefato sociocultural mutante, uma produção de diferentes grupos, classes e culturas que a constroem mediante determinadas vivências e representações. Neste sentido, uma região é tanto um espaço físico, ambiental e material quanto um espaço imaginário, simbólico e ideológico. E uma dimensão é inseparável da outra. Considerando tal multiplicidade, definir a região implica estabelecer delimitações espaço-temporais para uma pesquisa. Ao adotar uma perspectiva de escala, implícita ou explicitamente, define-se o que é significativo no fenômeno, ocultando ou dando visibilidade a determinados aspectos da realidade. No jogo de escalas de observação, mudam as variáveis de análise e a irredutível complexidade do fenômeno histórico se impõe, o que exige dos pesquisadores não apenas a formulação de novas construções teóricas, metodológicas e historiográficas como também novas sensibilidades para a compreensão daquilo que chamamos de história regional.</p> <p>A RHR foi fundada em 1996 e desde o primeiro volume tem disponibilizado gratuitamente todo o seu conteúdo pela internet. O periódico é uma publicação do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em História (Mestrado em História, Cultura e Identidades) da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Possui Qualis A3 e está indexada nos seguintes serviços: Scopus, Latindex, BASE - Bielefeld Academic Search Engine, Elektronishe Zeitschriftenbibliothek, Indiana University Bibliographical Index, EVIFA – Die Virtuelle Fachbibliothek Ethnologie/Volkskunde, Sumários.org, Diadorim, Miguilim e Portal de Periódicos da CAPES.</p> <p>ISSN:1414-0055</p>UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSApt-BRRevista de História Regional1414-0055<p>Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:</p> <p>a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a <a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/">Creative Commons Attribution License</a> que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista.</p> <p>b) Os autores são autorizados a assinarem contratos adicionais, separadamente, para distribuição não exclusiva da versão publicada nesta revista (por exemplo, em repositórios institucionais ou capítulos de livros), com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista).</p> <p>c) Os autores são estimulados a publicar e distribuir a versão onlline do artigo (por exemplo, em repositórios institucionais ou em sua página pessoal), considerando que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e as citações do artigo publicado.</p> <p>d) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos artigos e resenhas publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite <a href="https://pkp.sfu.ca/"><strong>Public Knowledge Project</strong></a>, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros softwares de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas.</p> <p>e) Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.</p> <p> </p> <p><a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license"><img style="border-width: 0px;" src="https://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png" alt="Licença Creative Commons" /></a><br />Este obra está licenciado com uma Licença <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR" rel="license">Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional</a>.</p> <p><a href="http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/" rel="license"><img style="border-width: 0px;" src="https://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png" alt="Licencia de Creative Commons" /></a><br />Este obra está bajo una <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.es_ES" rel="license">licencia de Creative Commons Reconocimiento 4.0 Internacional</a>.</p>“Os alemães ultramarinos também estão ajudando”: o trabalho do Comitê Alemão de Socorro às Vítimas de Guerra de Porto Alegre (1940-1943)
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<p>O presente estudo tem como fio condutor a ajuda humanitária de organizações com sede no Brasil para civis e prisioneiros de guerra alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Como recorte, analisa-se o trabalho do Comitê Alemão de Socorro às Vítimas de Guerra, sediado no Rio de Janeiro, por intermédio do Subcomitê Alemão, com sede em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no período de 1940 a 1943, ambos submetidos à Cruz Vermelha Brasileira. A análise em microescala permite acompanhar a atuação dessas organizações em rede, sua respeitabilidade pelo volume de arrecadações e a beneficência como um status social para a sociedade nacional e as comunidades étnicas. Portanto, este estudo evidencia o papel desempenhado por estas organizações humanitárias – locais e internacionais – no contexto da ajuda humanitária durante a Segunda Guerra Mundial. Esta pesquisa contribui para ampliar o entendimento sobre as conexões entre organizações humanitárias atuantes no Brasil com as dinâmicas globais da década de 1940.</p>João Vítor Sand TheisenRosane Marcia Neumann
Copyright (c) 1970 João Vítor Sand, Rosane Marcia Neumann
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2025-12-022025-12-023010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24861O Interiorano “Subversivo”: Política e jornalismo no Pontal do Triângulo Mineiro (1951-1964)
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24757
<p>O jornal <em>Folha de Ituiutaba</em>, caracterizado como uma imprensa do interior, foi um periódico produzido entre 1942 e 1964 que circulava no Pontal do Triângulo Mineiro. Voltado a noticiar sobre a região em que era produzido, devido às suas posições políticas, o jornal foi constantemente vigiado pela polícia política durante os anos 1950 e parte dos anos 1960, até que, com o golpe civil-militar de 1964, sob acusação de ser um impresso “subversivo” e “comunista”, o jornal foi fechado e seus responsáveis foram encaminhados para o DOPS em Belo Horizonte. Este artigo tem como objetivo refletir sobre o papel político do impresso, buscando compreender as ações políticas do jornal e os motivos pelos quais foi constantemente vigiado e, por fim, fechado. Para isso, usamos como fontes o próprio jornal, bem como outros documentos, como os arquivos da polícia política, analisando e cruzando esses documentos.</p>Caio Vinicius de Carvalho Ferreira
Copyright (c) 1970 Caio Vinicius de Carvalho Ferreira
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2025-12-022025-12-023010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24757Os viajantes e a escrita da economia animal no Brasil (Século XIX)
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/25579
<p style="text-align: justify;">O artigo analisa a importância da chamada <em>“economia sobre quatro patas”</em> na integração territorial e na vida material do Brasil entre o período colonial e o Império, destacando a centralidade dos animais de carga — mulas, bois e cavalos — na circulação de pessoas, mercadorias e riquezas. A partir de relatos de viajantes estrangeiros como Langsdorff, Luccock, Saint-Hilaire, Spix e Martius, Henderson, Isabelle e Dreys, são examinadas as condições das rotas tropeiras, a dinâmica das feiras de Sorocaba, a estrutura fundiária e pecuária do Rio Grande de São Pedro, além do abastecimento das regiões mineradoras e da Corte no Rio de Janeiro. O estudo evidencia como o tropeirismo estruturou redes comerciais, fortaleceu caminhos e estimulou o surgimento de vilas e cidades, funcionando como elo entre diferentes economias regionais. Ao mesmo tempo, ressalta-se a permanência da dependência animal, revelando a longa duração desse sistema. Os diários dos viajantes, embora permeados por visões eurocêntricas, constituem fontes primárias fundamentais para compreender a circulação interna de animais, suas implicações econômicas e sociais e o processo de integração do sul pastoril ao restante do território brasileiro.</p>Jane Cunha
Copyright (c) 2025 Jane Cunha
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2025-12-042025-12-043010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25579O Kerbfest como patrimônio teuto-brasileiro: Estudo de caso do município de Seara/SC (1993-2005)
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<p>Neste artigo é analisado o <em>Kerbfest,</em> uma festividade que ocorre no município de Seara no oeste de Santa Catarina. A festividade iniciou em Seara em 1993 e sua realização se estende à atualidade. Ela é uma promoção realizada pelo grupo teuto-brasileiro juntamente com a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). O recorte temporal analisado abrange de 1993 a 2005 e as fontes pesquisadas foram atas de reuniões, gravações audiovisuais, fotografias, jornais e entrevistas. A análise das fontes permitiu observar que o <em>Kerbfest</em> é uma festividade construída no Brasil e não uma herança germânica trazida pelos imigrantes. A festa possui representações de uma coletividade retratando não somente o município, mas várias localidades que passaram pelo processo de imigração alemã e que desejavam construir laços de pertencimento e identidade.</p>Sandra KuesterJaisson Teixeira LinoMirian Carbonera
Copyright (c) 2025 Sandra Kuester, Jaisson Teixeira Lino, Mirian Carbonera
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2025-12-112025-12-113010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24989Dialética entre o campo e a cidade: Histórias de diálogos e discussões entre o urbano e o rural na Região Metropolitana de Rosario (Argentina)
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<p>A relação intrínseca entre o campo e a cidade é ressignificada a partir das transformações territoriais que ocorrem em escala global, especialmente desde o final do século XX. Os limites entre esses componentes tornaram-se difusos, resultando em espaços que não pertencem claramente a nenhuma das categorias. Nesse contexto, a história desempenha um papel fundamental na compreensão dos desafios atuais entre o urbano e o rural, especialmente em áreas geográficas fortemente influenciadas por processos que pertencem a ambas as realidades. Este artigo toma como estudo de caso a Região Metropolitana de Rosario na Argentina. Esta região tem sido um importante polo agroexportador global desde a sua origem e continua a desempenhar esse papel até hoje, enquanto também é sujeita a vários processos de urbanização. Através de uma abordagem multiescalar, o artigo apresenta um relato histórico descritivo-exploratório da transformação da região, com o objetivo de interpretar a relação entre campo e cidade desde as origens da formação das diversas localidades que compõem a região. Essas localidades estão principalmente ligadas a usos agrícolas e pecuários, articuladas com o processo de infraestrutura ferroviária, em torno do qual se desenvolveram os primeiros tecidos urbanos de cada povoado. O artigo reflete sobre as mudanças ao longo do tempo, culminando em uma análise dos conflitos contemporâneos entre esses dois modos de apropriação territorial.</p>Cecilia Galimberti
Copyright (c) 1970 Cecilia Galimberti
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2025-12-042025-12-043010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24254Asociación Colonia Española de Nuevitas: apuntes sobre su fundación
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<p>El estudio del mundo rural se hace indispensable para enriquecer las historiografías locales, regionales y nacionales. Las áreas rurales se caracterizan por el predominio de las actividades agrarias, típicas de estas zonas, como las industrias menores y artesanales, así como algunos aspectos de la vida cotidiana que impactaron en las actividades sociales. El estudio de los inmigrantes hispanos asentados en la región de Nuevitas, así como de la sociabilidad que desarrollaron durante los primeros años del siglo XX cubano. Son aspectos a desentrañar para lograr una mejor comprensión de zonas rurales, espacio que durante estos años va a ser testigo de una transición lenta donde los ambientes rurales, portuarios e industrial van a coexistir hasta la segunda década del siglo XX. Esta investigación se realiza para estudiar la sociabilidad en los inmigrantes hispanos asentados en la región de Nuevitas en los primeros años del siglo XX. Ante el problema científico de cómo surgió la asociación Colonia Española de Nuevitas en 1903, asumiendo como objeto de estudio la asociación Colonia Española de Nuevitas. Con el objetivo de determinar el proceso fundacional de la asociación Colonia Española de Nuevitas en 1903. El surgimiento de la asociación está dado ante la necesidad de inmigrantes españoles asentados en el territorio, de sentirse representados públicamente como entidad con expresión colectiva de su idiosincrasia frente a la naciente República de Cuba. Son, una parte de los fundadores, comerciantes y propietarios, los impulsores fundamentales de la asociación y de su desempeño óptimo en los servicios.</p>Mailén Celia Fernández Morejón
Copyright (c) 1970 Mailén Celia Fernández Morejón
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2025-09-232025-09-233010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24734Um estudo sobre o desenvolvimento territorial de Umuarama/PR e as transformações dos espaços públicos
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<p>Os espaços públicos têm se consolidado como elementos essenciais para o desenvolvimento urbano e para a promoção do bem-estar coletivo nas cidades contemporâneas. Sua relevância vai além da função recreativa, pois refletem aspectos históricos, sociais e culturais que moldam a identidade dos territórios. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo de compreender os aspectos gerais do município de Umuarama - Paraná, com ênfase na sua expansão territorial e na evolução dos espaços públicos voltados à prática do lazer. A metodologia empregada foi de natureza qualitativa, com abordagem exploratória e descritiva. Foram realizados levantamentos bibliográficos e documentais em fontes acadêmicas e institucionais, além de visitas técnicas e registros fotográficos dos principais espaços públicos da cidade. Também foram analisados dados históricos, geográficos, sociais e econômicos para contextualizar o desenvolvimento urbano de Umuarama desde sua fundação em 1955. Os resultados revelaram que os diversos espaços públicos existentes em Umuarama foram sendo gradualmente incorporados à paisagem urbana como resposta ao crescimento populacional e às transformações socioeconômicas do município. Tais espaços assumem papel simbólico, cultural e funcional, tornando-se importantes núcleos de convivência, lazer e promoção da qualidade de vida. A pesquisa demonstrou que esses ambientes refletem tanto a evolução urbana quanto os valores identitários da cidade, ao mesmo tempo em que evidenciam a necessidade de constante manutenção e valorização por parte do poder público. Conclui-se que os espaços públicos de Umuarama são representativos da sua história e expansão, servindo como instrumentos de integração social e desenvolvimento urbano sustentável.</p>Danilo Cesar Pereira
Copyright (c) 2025 Danilo Cesar Pereira
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2025-09-302025-09-303010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24958Violencia de Estado en territorio Mapuche: La muerte de Alex Lemün y la lucha por la justicia en Chile (2002-2022)
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<p>El presente trabajo aborda de forma histórica, el asesinato -en contexto rural- del joven mapuche Alex Lemün, acecido por bala policía en noviembre de 2022 en la provincia de Malleco, en la región de la Araucanía. Su muerte es reflejo de una conducta estatal, sostenida y sistemáticamente, racista y violenta en contra del pueblo mapuche y sus demandas históricas. Teóricamente, este trabajo se articula desde los debates en torno a la violencia racializada y los discursos de odio racial, como tendencia colonial no superada por el estado chileno. Metodológicamente este trabajo se erige desde la crítica y diversidad de fuentes y su análisis.</p>Pedro Canales TapiaFilip Escuedero-Aminao FilipJosé Cabrera Llancaqueo José Luis
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2025-04-252025-04-253010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24397La construcción discursiva del anti-aprismo en la prensa regional peruana: El Caplina de Tacna (1934-1935)
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<p>Este artículo analiza la construcción del discurso anti-aprista en el periódico El Caplina de Tacna durante 1934-1935, un periodo caracterizado por la intensificación de la persecución política contra el APRA. A través del Análisis Crítico del Discurso y la teoría de la hegemonía, se examina cómo el periódico desarrolló sofisticadas estrategias discursivas que combinaron la criminalización política, la deslegitimación moral y la ridiculización del adversario. La investigación revela una evolución desde la caracterización inicial del APRA como fuerza política incoherente hasta su presentación como amenaza al orden social, evidenciando cómo la prensa regional adaptó y reelaboró los discursos políticos nacionales. El estudio demuestra que El Caplina articuló un discurso que trascendía la mera oposición partidaria para construir una imagen del aprismo como obstáculo fundamental para el desarrollo nacional y regional.</p>Alfonso Renato Vargas Murillo
Copyright (c) 1970 Alfonso Renato Vargas Murillo
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2025-09-302025-09-303010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24483Subalternidade e reparação – ações emancipatórias/autonomistas das elites políticas da vila/cidade de Campos dos Goytacazes (1820-1855)
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<p>Por se tratar de um rearranjo político-administrativo e territorial de repercussão nacional, a criação de uma nova província exigia uma complexa negociação política no parlamento brasileiro. Ao longo do século XIX, apenas duas experiências foram bem-sucedidas nesse sentido: a do Paraná e a do Amazonas. Nessa mesma ocasião, os “homens bons” da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, província do Rio de Janeiro, sustentaram a pretensão de que a sua cidade pudesse se transformar na capital de uma nova província. Este artigo analisa a trajetória política dessa proposta de criação da província de Goytacazes que não obteve o êxito esperado. Por fim, considera, então, como tal ambição, fruto da percepção da elite local sobre a defasagem entre a importância de seu município e o tratamento recebido das autoridades provinciais (Assembleia e Governo), esbarrava num contexto em que a cultura política liberal constitucional exigia novas redes de apoio e novas leituras do fazer político.</p>Carlos Eugênio Soares de LemosLuiz Claudio Moisés Ribeiro
Copyright (c) 2025 Carlos Eugênio Soares de Lemos, Luiz Claudio Moisés Ribeiro
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2025-09-232025-09-233010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24954Uma tradição indesejada: o desejo de uniformização na Grande Reforma Urbana do Rio de Janeiro (1903-1906) como condição da civilização e do progresso em terras cariocas
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/23212
<p>A Grande Reforma Urbana do Rio de Janeiro, levada a cabo no alvorecer do século XX, pelo prefeito Pereira Passos e o presidente Rodrigues Alves, fiou-se nas ideias iluministas de universalidade da razão e sentido da história para operarem uma ação de intervenção modernizadora do Estado no espaço urbano que afirmasse os valores europeus da civilização e do progresso em detrimento e desejo de suplantação de formas de uso da cidade sedimentadas pelos séculos que compuseram experiência histórica da relação entre os habitantes da cidade e o seu espaço urbano.</p>André Nunes Azevedo
Copyright (c) 2025 André Nunes Azevedo
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2025-02-132025-02-133010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.23212Do rural ao urbano no Sertão Carioca: a transição de Campo Grande e suas adjacências no pós Segunda Guerra
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/23989
<p align="justify"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: medium;">O Sertão Carioca, no Rio de Janeiro, foi um espaço abrangente, marcado por diversas dinâmicas de interação social, política e econômica entre o rural e o urbano. O crescimento urbano tornou-se mais evidente a partir da crise da laranja, que afetou as plantações e levou ao loteamento (loteamento proletário) das terras para a criação de bairros, alterando profundamente as dinâmicas sociais e econômicas da região. O valor agregado à terra, a especulação imobiliária e a crescente organização do mercado pelo capitalismo influenciaram as formas de uso do espaço. Este artigo tem como objetivo demonstrar como as práticas econômicas transformaram a região levando ao loteamento das terras para a construção de moradias.</span></span></p>Daniel Marcos Martins
Copyright (c) 1970 Daniel Marcos Martins
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2025-10-272025-10-273010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25.23989Expansão e modernização dos serviços postais em Santa Catarina (1930-1945)
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24835
<p>Podemos observar que no Brasil, e por extensão em Santa Catarina, durante os anos de 1930 a 1945, ocorreu uma <em>expansão restritiva</em> e a <em>modernização localizada</em> dos serviços postais. Foi <em>restritiva</em> porque houve crescimento no movimento postal, combinando momentos de retração e expansão, e <em>localizada</em> porque observamos avanços em alguns serviços (correios aéreos e construção de novas sedes). Ambas, <em>expansão restritiva</em> e <em>modernização localizada</em>, estão associadas ao desempenho da economia, à modernização do Estado. Nesse artigo iremos analisar esses dois movimentos nos serviços postais em Santa Catarina, que se combinavam e permitiram a expansão e a modernização dos correios.</p>Alcides Goularti Flho
Copyright (c) 1970 Alcides Goularti Flho
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2025-08-222025-08-223010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24835Escravidão urbana de pequena escala: a presença africana em Petrópolis durante o século XIX
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24529
<p>Este artigo propõe repensar a presença de escravizados no século XIX em Petrópolis, situada na província do Rio de Janeiro, a partir de uma perspectiva em que se analisa a cidade em simbiose com a capital do império, a cidade do Rio de Janeiro. Em contraste com a maior parte dos estudos sobre a cidade no Oitocentos e com os relatos dos viajantes da época, a análise da imprensa petropolitana permite identificar uma cidade que reproduziu no seu interior algumas das principais características da escravidão urbana brasileira.</p>João Victor Ribeiro Pires
Copyright (c) 1970 João Victor Ribeiro Pires
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2025-07-042025-07-043010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24529O terceiro turno entre Olívio e Britto: a eleição para a presidência da ALRS (1999-2002) sob a ótica da coluna Página 10
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24955
<p style="font-weight: 400;">Este estudo analisa a disputa pela presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) após as eleições de 1998 para governador, refletindo um “terceiro turno” entre Olívio Dutra (PT) e Antônio Britto (PMDB). A pesquisa utiliza a cobertura do <em>jornal Zero Hora</em>, especialmente a coluna <em>Página 10</em>, e adota a história pública como abordagem teórico-metodológica. O objetivo é investigar as estratégias, alianças e impactos dessa eleição, oferecendo contribuições para o entendimento das dinâmicas políticas regionais e seus reflexos na política brasileira.</p>Alessandro Fernandes
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2025-10-242025-10-243010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25.24955Bairrismo em vertigem: verso e reverso no legislativo municipal de Varzedo (Ba) no efervescente junho de 1992
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/23332
<p>Embora a proeminência da cultura política no Brasil seja de mais holofotes para o poder executivo, o poder legislativo é um poder representativo que solicita, tanto quanto aquele, atenção da historiografia política, especialmente de fatos ocorridos em câmaras municipais. Partindo disso, a proposta deste artigo é esmerar versos e reversos papéis dos vereadores da câmara do município de Varzedo no processo de anulação da mesa diretora, após morte do prefeito e evasão do vice-prefeito.</p> <p> </p> <p> </p> <p>Palavras-chave: Política. Legislativo. Local. História.</p> <p> </p>Antonio Jorge Souza Amorim
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2025-02-192025-02-193010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.23332Sociabilidad, tiempo libre y cultura deportiva a inicios del siglo XX en Talca, Chile
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24481
<p>El artículo analiza el surgimiento de las primeras instituciones deportivas en Talca a inicios del siglo XX. Marcado por un contexto de modernización, los clubes deportivos se transformaron en una alternativa al ocio y a su vez posibilitaron nuevas formas de sociabilización entre los miembros de la sociedad civil. Se postula que el proceso de articulación deportiva permitió profundizar las relaciones sociales en Talca y contribuyó a reforzar los ideales y valores liberales del periodo, las que a su vez permitieron fortalecer una identidad local y nacional. Asimismo, se generó un reconocimiento de las primeras organizaciones que fueron parte del periodo fundacional deportivo en Talca. En términos metodológicos, se utilizó la prensa local <em>La Mañana</em> y las revistas deportivas <em>El Sport Ilustrado</em>, <em>La Revista Sportiva</em> y <em>Sport I Actualidades</em>.</p>Daniel Briones MolinaVíctor Brangier Peñailillo
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2025-04-252025-04-253010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24481O trabalhador introduzido pela Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização ao longo dos anos de 1928-1940 no estado de São Paulo
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24953
<p>Com o fim da escravidão tornou-se necessário cada vez mais à mão de obra para a lavoura cafeeira, para auxiliar nesta demanda foram criadas diversos tipos de trabalhos para a introdução de trabalhadores imigrantes, cabe destacar também que havia a presença de nacionais, entretanto estes eram visto como uma segunda opção para os grandes fazendeiros. Nos primeiros anos do século XX observamos o trabalho de diversas companhias ou empresas particulares cujo objetivo era angariar trabalhadores para o estado paulista, entre estas se destacou a Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização (CAIC) que introduziu tanto imigrantes como nacionais para o estado de São Paulo. O objetivo do presente artigo é analisar e compreender o trabalho da Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização na introdução de trabalhadores imigrantes e nacionais entre os anos de 1928 a 1940, ressaltando aspectos da empresa, como também origem dos imigrantes e contratos estabelecidos entre a CAIC e a Secretaria de Agricultura do estado de São Paulo.</p>Jesiane Debastiani
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2025-10-102025-10-103010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24953Cem Anos de Caruaru: Música, Memória e Representações Culturais
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/25341
<p lang="pt-BR" align="justify"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: medium;">Este artigo explora a celebração do centenário de Caruaru, ocorrido em 1957, e o impacto dessa comemoração na construção da identidade cultural da cidade. Ao longo do texto, discutimos o papel das instituições locais, da imprensa e de intelectuais nacionais, como Jorge Amado, nas festividades. Também abordamos a importância das músicas produzidas em homenagem à cidade, com destaque para as composições de Luiz Gonzaga e Onildo Almeida, que consolidaram a imagem de Caruaru como um centro cultural do Nordeste. As representações culturais e a integração entre o evento e a Feira de Caruaru reforçam o papel da música e da cultura popular na criação de uma memória coletiva da cidade. A metodologia baseou-se em uma pesquisa documental e teve como pressupostos teóricos autores da História Cultural. Esperamos contribuir com os debates sobre a história regional, particularmente da cidade de Caruaru, em meados do século XX. </span></span></p>Paulo Julião da SilvaHellen Danielly Soares
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2025-10-242025-10-243010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25.25341Enredos, memórias e trajetórias nos estudos rurais: Entrevista com Marilda Aparecida de Menezes
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24300
<p><span style="font-weight: 400;">Tendo em vista a proposta deste dossiê que compõem o número</span> <span style="font-weight: 400;">da</span><em><span style="font-weight: 400;"> Revista de História Regional </span></em><span style="font-weight: 400;">(vol. 30, 2025), no qual busca refletir sobre o que chamamos de “mundo rural” no seu contexto particularmente histórico e social, a partir de diferentes temáticas e dos múltiplos olhares e concepções teóricas e metodológicas, apresentamos ao público leitor um profícuo diálogo com Marilda Aparecida de Menezes, estudiosa do rural brasileiro, especificamente das relações entre campesinato, família, trabalho e migrações.</span></p>Bruno Cesar PereiraMarilda Aparecida de Menezes
Copyright (c) 1970 Bruno Cesar Pereira
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2025-06-302025-06-303010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24300Mundo rural, vidas diversas: experiências, trabalho e cultura
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/25684
<p><span style="font-weight: 400;">Ao longo desta apresentação, comentamos brevemente os estudos que compõem o dossiê </span><em><span style="font-weight: 400;">Mundo rural, vidas diversas: experiências, trabalho e cultura. </span></em><span style="font-weight: 400;">O</span> <span style="font-weight: 400;">dossiê reúne estudos que abordam o mundo rural brasileiro em múltiplas dimensões: históricas, sociais, políticas e culturais. Os artigos aqui apresentados se situam entre o período colonial e o século XXI e analisam temas como conflitos fundiários, migrações, trabalho, repressão política, monoculturas, territorialidades e cosmologias. A partir de uma abordagem Histórica, em diálogo com a Sociologia, a Antropologia e a Geografia, os textos evidenciam a complexidade das experiências rurais e o protagonismo de sujeitos frequentemente invisibilizados pela historiografia tradicional. Os artigos do dossiê partem de fontes diversas como documentos oficiais, entrevistas, memórias orais, relatos etnográficos, entre outras, propondo novas formas de interpretar o rural não apenas enquanto um espaço produtivo, mas como um território de disputas, resistências, saberes e significados.</span></p>Bruno Cesar PereiraVania VazRhuan Targino Zaleski Trindade
Copyright (c) 2025 Bruno Cesar Pereira, Vania Vaz, Rhuan Targino Zaleski Trindade
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2025-11-102025-11-103010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25.25684Aspectos da ontologia ribeirinha na ilha Saracá, município de Limoeiro do Ajuru (PA)
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/23987
<p>Os pescadores ribeirinhos da ilha Saracá, localizada no município de Limoeiro do Ajuru, no estado do Pará, interpretam o mundo em que vivem como também coabitado por seres humanos de diferentes corporeidades. Estes seres se revelam quando querem e na forma que desejam. Neste artigo buscamos compreender as relações estabelecidas entre estes dois conjuntos de seres que habitam a mesma ilha, utilizam os mesmos rios, pisam no mesmo chão, nas mesmas folhas, enxergam as mesmas árvores e que vivem “vidas” que se entrelaçam. Nossas análises se baseiam em um vasto material de pesquisa que revela a existência desses seres. Seguindo os pressupostos metodológicos da antropologia, apoiamo-nos na autoetnografia e na etnografia. Fizemos entrevistas estruturadas, observações diretas e participantes e registros fotográficos. Os dados sugerem que a ilha Saracá é a morada das visagens, das mizuras, das aparições e de outros seres. Alguns são maus, bons, outros não se sabe ao certo qual é sua índole, pois apenas aparecem sem dizer nada e assim como aparecem, desaparecem. Estas narrativas são importantes, na medida em que agenciam a vida das pessoas, moldando suas decisões, afetando o seu cotidiano.</p> <div> <p> </p> </div>Genisson Paes ChavesSônia Barbosa Magalhães
Copyright (c) 2025 Genisson Paes Chaves, Sônia Barbosa Magalhães
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2025-02-192025-02-193010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.23987O papel das escolas do campo brasileiras na superação da colonialidade do conhecimento
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24317
<p>O artigo trata sobre o papel desempenhado pelas escolas do campo e pelos movimentos sociais camponeses brasileiros no enfrentamento da colonialidade do conhecimento. A importância desta discussão se encontra na crise global ambiental, social e alimentar e em como a colonialidade contribui para o agravamento desta conjuntura. A pergunta da pesquisa é: Como as escolas do campo, no Brasil, contribuem para a resistência à colonialidade do conhecimento e à valorização dos saberes locais, especialmente nas práticas alimentares e educativas das comunidades do campo? O objetivo central do trabalho é debater o papel das escolas do campo na resistência frente à colonialidade do conhecimento no Sul Global. Para tal, propomos uma metodologia exploratória com utilização de recursos bibliográficos. Concluiu-se que as escolas do campo brasileiras podem contribuir para a resistência à colonialidade do conhecimento e à valorização dos saberes locais diante da realidade contemporânea, por meio de uma educação libertadora e descolonial que rompa as formas hegemônicas de exploração da terra e promova uma relação mais saudável e ambientalmente viável de produção e consumo de alimentos.</p>Vanessa Policarpo MacielLuciano Daudt da Rocha
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2025-10-082025-10-083010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24317O Açaí na vida da Juventude Amazônica: Interculturalidade, Decolonialidade e Desenvolvimento Local em uma comunidade rural-ribeirinha da Amazônia Paraense
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24409
<p>O Brasil, especialmente a região Norte, caracteriza-se por uma grande heterogeneidade nas condições de vida e trabalho dos jovens rurais. Na Amazônia ribeirinha, essa diversidade manifesta-se em diferentes formas de inserção produtiva, acesso limitado a serviços públicos e padrões variados de sociabilidade. A falta de oportunidades de emprego e renda, aliada à ausência de políticas públicas voltadas para a juventude, restringe a capacidade dos jovens de planejar e concretizar projetos de vida. O açaí, fruto de grande relevância econômica e social para a região, demanda uma análise aprofundada de sua cadeia produtiva. A crescente demanda por este produto, sem atenção adequada à segurança e à qualidade de vida das comunidades envolvidas, gera sérios impactos. Este estudo investiga as precárias condições de trabalho dos jovens ribeirinhos na cadeia produtiva do açaí, levando em conta fatores como pobreza rural, educação insuficiente e a ausência de oportunidades para um trabalho digno. A exploração de mão de obra não qualificada, o baixo custo do trabalho, a informalidade e a falta de diálogo social comprometem a cidadania plena desses jovens. A pesquisa, realizada na comunidade do Rio Quianduba, no município de Abaetetuba, Pará, conclui que a extração do açaí impõe riscos e privações que violam direitos básicos dos jovens, os quais não são reconhecidos pelos demais atores da cadeia produtiva nem pelo consumidor final. Essa situação reflete um discurso hegemônico sobre a Amazônia que reforça desigualdades, impactando negativamente a construção da identidade juvenil e a capacidade dos jovens de elaborar projetos de vida que expressem suas subjetividades na contemporaneidade.</p>Denny FerreiraMarinês de Maria Ribeiro Rodrigues
Copyright (c) 1970 Denny Ferreira, Marinês de Maria Ribeiro Rodrigues
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2025-10-272025-10-273010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25.24409A Diretoria da Agricultura e três solicitações de terras sergipanas
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/23748
<p>Buscamos analisar três requisições de compra de terras sergipanas que tramitaram pela Diretoria da Agricultura do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Ao abordar o tema, pretendemos contrariar as teses do malogro da Lei de Terras de 1850, bem como outras leituras generalizantes sobre as legislações agrárias oitocentistas. O próprio fato de utilizarmos solicitações de compra de terras tem a ver com a tentativa de ir além de uma historiografia que apontou o insucesso das normas fundiárias imperiais. Eles argumentaram indicando a maior incidência de alienações de terras estatais nos Estados Unidos em comparação com o Brasil Império. Nossa pesquisa, por outro lado, analisa qualitativamente estas requisições de compra de terras. Percebemos como os agentes ministeriais contornaram proibições legais no sentido de atender aos interesses de potentados rurais. Sendo assim, contribuímos com historiadores que vêm questionando a tese segundo a qual a elite política imperial teria defendido a regularização da estrutura fundiária, porém tais transformações seriam vetadas na prática pelos senhores de terra. Ao contrário, percebemos uma relação mais complexa entre esses grupos. Concordamos com os historiadores para os quais a Lei de Terras de 1850 seria parte de um processo anterior e posterior a ela de transformação da propriedade.</p>Pedro Parga Rodrigues
Copyright (c) 2025 Pedro Parga Rodrigues
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2025-02-132025-02-133010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.23748Conflitos rurais no Vale do Rio Doce: cenário, atores, roteiro e vivências (1945-1961)
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24344
<p>No Vale do Rio Doce, particularmente no vale do rio Urupuca, municípios de Itambacuri, entre 1945 e 1961, os conflitos agrários se intensificaram, como demostram as fontes utilizadas: processos de legitimação de terras, jornais e entrevistas. Constitui-se um caso particular dos conflitos rurais nas áreas de fronteira agrícola, em função da presença de comunidades de agricultores familiares posseiros, de fazendeiros pecuaristas e grandes empreendimentos capitalistas siderúrgicos, madeireiro e de mineração de mica. Esses conflitos são indissociáveis do processo de formação histórica do território do Rio Doce, particularmente na porção setentrional, entre as cidades de Governador Valadares e Teófilo Otoni. O estudo demonstra serem operacionais os conceitos de “frente de expansão” e “frente pioneira” para compreendermos o mundo rural e os conflitos agrários nas zonas de fronteira.</p>Haruf Salmen EspindolaAlisson Cardoso de OliveiraMaria Terezinha Bretas Vilarino
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2025-04-252025-04-253010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24344Raízes que saciam a fome: o papel da mandioca (Manihot spp.) na dinâmica colonizatória da América Portuguesa no século XVI
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24412
<p><span class="TextRun SCXW9330654 BCX0" lang="PT-BR" xml:lang="PT-BR" data-contrast="none"><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">A chegada dos europeus </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">ao Novo Mundo </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">apresentou </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">desafios, </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">como </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">adaptação </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">e busca por alimentos</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">. Para impulsionar </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">a</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> colonização, </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">eles </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">começaram</span> <span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">a</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> observa</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">r</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> a natureza</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> e as sociedades americanas</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">. </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">Fundamental</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> para </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">a</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">s</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> culturas</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> indígenas, a </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">mandioca</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> atraiu atenção devido sua adaptabilidade</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> e </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">facilidade de cultivo. </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">Suas</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> variedades foram rapidamente reconhecidas como fontes de alimento e matéria</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">s</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">-prima</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">s</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> para </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">outros produtos</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">.</span> <span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">Este estudo visa compreender a importância da mandioca </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">como alimento essencial para os primeiros anos de colonização</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">.</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> O estudo dessa raiz permite interpretar seu papel no cotidiano </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">dos</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> nativos</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> e</span> <span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">n</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">o universo das relações entre </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">a alimentação de </span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">colonizadores</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> e</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0"> colonizados</span><span class="NormalTextRun SCXW9330654 BCX0">.</span></span><span class="EOP SCXW9330654 BCX0" data-ccp-props="{"335551550":6,"335551620":6,"335559738":60,"335559739":200}"> </span></p>Nathália MoroChristian Fausto Moraes dos Santos
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2025-04-252025-04-253010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24412O cotidiano de trabalhadores rurais no pós-trabalho assalariado na dendeicultura
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24968
<p>Este artigo visa analisar a trajetória de trabalhadores rurais no decorrer dos seus cotidianos no pós-trabalho assalariado na dendeicultura. Para isso, focamos nas suas interações nos âmbitos família e comunidade. A pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso na vila rural de Belenzinho, município do Acará, nordeste paraense, entre os anos de 2021 e 2023. Privilegiamos a observação direta, o registro de conversas informais e entrevistas por meio de questionários semiestruturados com 18 trabalhadores que vivenciavam o pós-trabalho assalariado. Nos apoiamos nos conceitos de cotidiano e trabalho rural. As principais conclusões demonstram que os momentos vividos em comunidade e em família se intensificam no pós-trabalho assalariado na dendeicultura. Os trabalhadores assumem e reassumem o seu trabalho como agricultor familiar e aliam os conhecimentos adquiridos na dendeicultura como forma de permanecer em seu local de origem e arrecadar possíveis retornos financeiros.</p>Laiane Bezerra RibeiroDalva Maria da MotaÉberton da Costa Moreira
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2025-10-242025-10-243010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25.24968"A ditadura pegava era só quem era vagabundo mesmo": frutos do golpe de 1964 sobre camponeses norte-mineiros
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/23850
<p>A afirmação que <em>a ditadura militar brasileira só pegava quem era vagabundo</em> é uma ideia que se ouve por parte de algumas pessoas no Brasil. A partir dessa ideia provocativa, e considerando fontes como jornais, entrevistas, artigos e livros, este artigo busca mostrar como um modelo desenvolvimentista, assentado a partir do golpe militar de 1964, intensificou violências contra camponeses no Norte de Minas Gerais. A partir de um olhar para essa região do país, é possível ter conhecimento de que violências e repressões ocorreram contra pessoas do campo e seus apoiadores. Ali, emergiu um coronel, chamado Georgino Jorge de Souza, que encarnou em si intentos do golpe e ditadura militar a partir de 1964. Em e a partir da cidade de Montes Claros, um esquema foi montado, com transações e trocas de serviços beneficiando alguns indivíduos, os quais se aproveitaram de ímpetos do espírito que vinha sendo instaurado na região. Grandes fazendeiros, tendo a cidade montesclarense como centro de atuação, buscaram ampliar seu poderio e expandir territórios. O referido coronel, simbolizado por seu <em>10º Batalhão de Polícia Militar</em>, age despejando posseiros de lugares onde viviam. Para amparar modos de ação assim, uso foi feito de discursos, narrativas e violências, classificando camponeses como comunistas, obstáculos para intenções de grupos sociais que buscavam ampliar suas propriedades territoriais e, com isso, colherem benefícios do governo. Os resultados deste estudo demonstram que, durante a ditadura militar, sob as consequências do discurso militar a favor do avanço econômico, grandes fazendeiros perpetraram violências contra camponeses e seus defensores a fim de terem mais terras e, consequentemente, dinheiro.</p>Luís Fernando de Souza AlvesLuiz Paulo Fontes de RezendeLaurindo Mekie Pereira
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2025-05-092025-05-093010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.23850Trabalhadores à/na deriva: discursos sobre as causas da morte de um trabalhador indígena
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24315
<p>O artigo tem como objetivo analisar os discursos sobre as causas da morte de um trabalhador indígena que atuou nas atividades de raleio em um pomar de maçã no Sul do Brasil no final da década de 1990. Por meio de um inquérito policial que investigou as condições de trabalho às quais os trabalhadores indígenas estavam submetidos, especialmente nos trabalhos rurais da cultura da maçã e do alho, foi possível analisar discursos de diversos sujeitos que narraram os eventos que envolveram a morte do trabalhador. Compreender a história da morte de Fág Mág nos revela a forma como o Estado, por meio das instituições de Saúde e de Justiça, autoriza a morte de indígenas pela via do trabalho.</p>Graziela da Silva Motta
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2025-08-222025-08-223010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24315Dendeicultura e capitalismo: o processo de trabalho assalariado na monocultura do dendê
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24402
<p>A economias do dendê na Indonésia e no Brasil foram endossadas por iniciativas estatais de caráter neodesenvolvimentistas que buscaram especializar essas regiões em atividades neoextrativistas, fornecedoras de bens de consumo primários. Nesse sentido, este artigo busca analisar o trabalhado assalariado na monocultura do dendê no Brasil à luz de reflexões realizadas em estudos sobre o tema na Indonésia (maior produtor do mundo de dendê). Realizou-se, para isso, uma pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo entre os trabalhadores rurais assalariados de Igarapé-Açu/PA, combinado com literatura que traz evidências sobre o trabalho assalariado na Indonésia. As informações apontam para um processo de trabalho lesivo aos próprios trabalhadores com: acidentes de trabalho, problemas relacionados à saúde, exposição a produtos químicos, extensão da jornada de trabalho.</p>Marlon Kauã Silva CardosoTânia Guimarães RibeiroDalva Maria da Mota
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2025-04-252025-04-253010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24402Panorama do trabalho rural na cafeicultura de montanha
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24193
<p>O artigo configura o trabalho rural no panorama do agronegócio cafeeiro sul-mineiro. A cafeicultura de montanha responde por mais de 32% da produção nacional de café arábica e apresenta uma dinâmica produtiva fortemente atrelada aos interesses do mercado internacional. Considerados os óbices topográficos à mecanização, destaca-se a elevada densidade de trabalho, sobretudo na operação da colheita, com arregimentação, na cafeicultura de grande escala e patronal, de elevado contingente de trabalhadores temporários, os <em>apanhadores</em>. Na seara das relações trabalhistas predominam a informalidade, a precariedade, a itinerância, a intermitência e a vulnerabilidade, com repetidas denúncias e comprovações de relações de trabalho análogo à escravidão. Fundamentado em bibliografia específica e regional, o texto apresenta três seções, além da introdução e da conclusão: num primeiro momento, expõe informações elucidativas sobre a espacialização produtiva cafeeira e a caracterização da zona produtiva do Sul de Minas Gerais; na sequência, focaliza a configuração do trabalho rural na cafeicultura local e; posteriormente, atenta para a ocorrência de trabalho análogo à escravidão e recorrência ao trabalhador migrante.</p>Ediano Dionisio do PradoMarilda Aparecida de Menezes
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2025-09-302025-09-303010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24193Nas trilhas da conservação: a criação do Parque Estadual Serra do Conduru, Bahia, de 1993 a 2006
https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24392
<p>O estudo de caso aqui apresentado aborda a criação do Parque Estadual Serra do Conduru (PESC), através da perspectiva da História Ambiental, a fim de compreender os modos como diversos atores buscaram superar os conflitos, contradições e controvérsias que atravessaram o Parque, desde o seu decreto até a implementação. Também buscamos compreender as mudanças e permanências provocadas por essa unidade de conservação no território entre os anos de 1993 a 2006. O parque estava inserido num contexto mais amplo de projetos de gestão territorial na região sul da Bahia, baseados em noções de desenvolvimento sustentável e fomento ao turismo através da criação de Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Sendo projetos correlatos, o Parque e a APA Costa de Itacaré - Serra Grande provocaram interações entre humanos e não humanos, modificando as dinâmicas da conservação e vidas associadas. Para este estudo, utilizamos como fontes os Jornais da APA publicados entre 1999 e 2004, Atas de reuniões dos Conselhos Gestores da APA e do PESC entre 1999 e 2006, Projeto de Criação do PESC e Implementação da APA, entrevistas com moradores, ambientalistas e gestores das duas UCs. Entre conflitos, negociações e alianças, o Parque provocou a reorganização de comunidades humanas no território e suas relações com outras formas de vida, promoveu a manutenção e regeneração de importantes remanescentes florestais e contribuiu para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica. Este artigo é fruto de pesquisa realizada com financiamento da CAPES.</p>Melissa Lujambio Alves
Copyright (c) 1970 Melissa Lujambio Alves
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2025-06-112025-06-113010.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24392