Vidas Precárias de Travestis Negras: Uma Geografia do Machismo e da Transfobia em Parnaíba­PI

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.12.i2.0003

Resumo

O presente artigo analisa as experiências de violências contra travestis negras frente ao machismo e à transfobia no contexto de pandemia da COVID­19. Em termos metodológicos, utilizamos a cartografia com uso de diários afetivos que possibilitam um denso mergulho nos territórios, trançando uma geografia das violências contra travestis negras na cidade de Parnaíba-­PI. De acordo com dados da ANTRA, travestis negras representam em média 80% dos casos de transfobia letal no Brasil, o que coloca esses corpos na mira da
afronecrotransfobia. Constata-­se que o processo pandêmico intensificou a situação de vidas precárias de travestis negras, uma vez que o isolamento social tanto dificultou a entrada e a permanência no mercado de trabalho, e destaca­-se que 90% das mulheres trans vivem da prostituição, como reduziu o acesso, já limitado, às instituições de seguridade social. Na geografia das violências, os diários afetivos narram duas situações de violência machista e transfóbica, ambas contra travestis negras em vias públicas da cidade de Parnaíba-­PI. As
vítimas buscaram apoio com a assistente social do Acolhe Trans, coletivo não governamental, que no  acolhimento orientou para a denúncia, contudo, ambas demostraram desconfiança na realização dos procedimentos em razão da impunidade em casos de transfobia. Nesse sentido, compreende-­se que, em um regime de afronecrotransfobia, a ausência ou dificuldade de acesso às políticas públicas produz violências e mortes da população transgênera, em especial a negra.

 

Biografia do Autor

Jessyka Rodrigues, UFPI

Assistente Social e Mestranda em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Assistente de pesquisa Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-PI). É vinculada ao Grupo Piauiense de Travestis e Transexuais (GPTRANS), ao Grupo Acolhe Trans, e ao Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FONATRANS).

Rafael Martins de Meneses, UFPI

Graduando em Bacharelado em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), vinculado aos grupos de pesquisa Criminologia Crítica e Direitos Humanos (UFPI-CNPQ) e Mudanças na Ordem Privada (UFPI-CNPQ), realiza pesquisa voluntária no Estudo Multicêntrico Nacional sobre os perfis de Travestis e Transexuais (UNB/UFPI). Desenvolve estudos e pesquisa na área Direito, Gênero, Sexualidade numa perspectiva multidisciplinar a partir de referenciais pós-estruturais e decoloniais.

Valdenia Pinto de Sampaio Araújo, IFPI

Professora do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) no campus Teresina - Zona Sul. Doutora e Mestra em Educação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física (UFPI). É Especialista em Gestão Pública (UFPI). Tem experiência nos Estudos de Gênero, Educação e em Educação Física. Vinculada aos Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação de Gênero e Cidadania (NEPEGECI).

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Publicado

2022-02-25

Edição

Seção

Machismo, interseccionalidade e território: uma perspectiva da geografia feminis