Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero

Terrenos demoníacos: mulheres negras e as cartografias da luta de Katherine McKittrick Raquel Almeida Mendes

Raquel Almeida Mendes — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

Gênero e direito a cidade: é como se nós fossemos um brinquedo, uma propriedade, que a gente tem que fazer o que eles julgam que temos que fazer

Patricia Milani — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

Partimos do pressuposto de que as teorizações sobre a produção do espaço urbano na Geografia, têm ocultado as questões de gênero e as lutas diárias das mulheres na e pela cidade. Temos como objetivo identificar as estratégias que as mulheres criam e desenvolvem em seus cotidianos para driblarem algumas situações e exercerem suas atividades diárias. Do ponto de vista metodológico utilizamos principalmente instrumentos de cunho qualitativo, entrevistas com roteiros semiestruturados com mulheres que trabalham dentro e fora de casa, estudam e são responsáveis por grande parte das tarefas e responsabilidades domésticas. Embora as dificuldades existam, principalmente ligadas ao excesso de trabalho, estratégias são delineadas diariamente pelas mulheres pesquisadas para que consigam exercer seus múltiplos papeis sociais e terem acesso aos diferentes espaços e posições na cidade, conformando, de modo relativo, espaços paradoxais, de transformação, no plano do cotidiano.

Trabalho produtivo e reprodutivo em produções avícolas no município de Forquilhinha – SC: uma análise de gênero e divisão sexual do trabalho.

Meline Duminelli, Giovana Ilka Jacinto Salvaro, Estevam Dimas de Oliveira — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

Este estudo tem como objetivo analisar, por meio da categoria gênero, a divisão sexual do trabalho em relações cotidianas de unidades familiares ligadas ao sistema de integração no município de Forquilhinha, em Santa Catarina, nas esferas produtiva e reprodutiva. A pesquisa foi qualitativa, documental e de campo e é parte do resultado de uma tese de doutoramento. Foram entrevistados(as) 11 produtores(as), integrantes de seis famílias. A pesquisa demonstrou mudanças produzidas nas relações de trabalho analisadas, sobretudo pela intensidade tecnológica e por especificidades produtivas demandadas pela indústria. Entretanto, persistem desigualdades de gênero e a divisão sexual do trabalho, em conformidade com atividades valoradas de acordo com quem as realiza, mulheres ou homens.

Una propuesta de análisis de la urbanización interseccionalizada en Brasil y algunas notas sobre Ribeirão Preto – SP

Helena Rizzatti, Daniele Motta — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

O artigo analisa o processo de urbanização através das desigualdades estruturais de gênero, raça e classe social, entendidas por meio da interseccionalidade, que caracterizam a formação socioespacial brasileira. A proposta analítica é apresentada em linhas gerais em âmbito
nacional e com alguns apontamentos da gênese da cidade de Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo. Realizou se a pesquisa por meio de revisão bibliográfica sobre as políticas urbanas e a divisão sexual e racial do trabalho. O artigo aponta que a reprodução
dessas desigualdades massifica a periferização das cidades através da urbanização corporativa, da divisão racial do espaço e da organização do espaço urbano generificada. Compreende se, assim, a gênese da urbanização interseccionalizada que se mantém até hoje no país.

“Eles não aceitam qua a mulher entenda de trânsito”: as experiências de uma agente de trânsito em Vitória da Conquista – BA

Beatriz Rodrigues Silva Bockorni, Adller Moreira Chaves — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

Agentes de trânsito são expostos a diversos fatores de desgaste durante o exercício de sua
profissão e, caso sejam mulheres, tais fatores podem vir a se diferenciar daqueles enfrentados
por colegas do sexo masculino. O presente artigo visou analisar as experiências enfrentadas por mulheres atuantes como agentes de trânsito na cidade de Vitória da Conquista, no Estado da Bahia. A pesquisa se caracteriza como empírica, utilizandose de entrevistas
semiestruturadas para a coleta dos dados, tratados qualitativamente, através da Análise de Conteúdo, de Bardin (2004), na entrevista única efetuada com uma agente de trânsito. Resultados mostram que a profissão é vista como masculinizada e as mulheres nesse meio
sofrem preconceitos e machismo, dificuldades materiais e adoecimento físico e psicológico decorrentes das condições do exercício da profissão.

Saberes, sabores e geografias de vidas de mulheres cozinheiras: Reflexões de uma geógrafa e um geógrafo migrantes

Daniele Araújo Ferreira, Victor Dantas Siqueira Pequeno — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

No presente artigo discutimos os processos, os conteúdos, as formas e as condições que significam e/ou qualificam a cozinha enquanto uma espacialidade geográfica, a qual denominamos de cozinha-território. O hífen marca as disputas de poder que se dão entre mulheres cozinheiras e homens cozinheiros quando da presença e participação de ambas corporeidades numa cozinha que se quer industrial. A saber, a nossa escrita foi alicerçada na revisão narrativa. Nesta, consta as contribuições teóricas das Geografias feministas, dos Feminismos negros e das chaves conceituais: território (RAFFESTIN, 1993), performatividade (BUTLER, 2003), interssecionalidade (CRENSHAW, 2002) e imagens de controle (COLLINS, 2019). Para discussão dos resultados fizemos a leitura e a problematização de relatos obtidos por meio de questionários descritivos que foram respondidos por algumas mulheres cozinheiras. Por fim, enfatizamos que a presença feminina na cozinha contemporânea está subordinada a um ethos sexista e machista, que em parte se diferencia de um ethos sexista e machista colonial, mas que a correspondência entre ambos se dá quando verificamos que as mulheres cozinheiras seguem sendo oprimidas em razão de sua feminilidade, seu corpo e suas habilidades (intelectuais, físicas e/ou emocionais).

Mulheres e Agroecologia no Município de São Paulo. Um estudo sobre agricultura em territórios periféricos

Clara Camargo — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

As mulheres da agricultura urbana são importantes sujeitas na garantia da segurança alimentar de sua família e comunidade, bem como na manutenção de áreas verdes nas metrópoles. Entretanto, elas são invisibilizadas nas principais teorias econômicas e ainda têm pouco acesso às políticas públicas devido à pouca geração de renda monetária direta. Os principais objetivos deste artigo são apresentar o perfil socioeconômico de um grupo de agricultoras urbanas periféricas paulistanas e analisar suas estratégias de produção agroecológica e alimentação, a partir do arcabouço teórico da Economia Feminista e do Ecofeminismo. A metodologia é de observação participante pela presença nos encontros da Rede das Agricultoras Paulistanas Periféricas Agroecológicas e pela realização de entrevistas semiestruturadas e turnês guiadas nas unidades de produção chefiadas por mulheres.

Experiências da mobilidade feminina nas cidades: entre resignações e disputas

Patricia Maria de Jesus, Júlia Russi Zanon, Daiane Regina Lopes Sentoma — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

A literatura sobre mobilidade urbana feminina nos informa de que a maioria de suas pesquisas são quantitativas e comparativas, referindo-se fundamentalmente aos diferentes padrões de viagens e deslocamentos entre os gêneros feminino e masculino nos modais de transporte. Dominguez González et al (2020). De tal modo que as especificidades das demandas das mulheres e os enfrentamentos durante os deslocamentos não são comumente considerados. Jesus, P. Mª; Catelan, M. J, V; Calixto, Mª. J (2022). Assim, o texto tem por objetivo discutir a mobilidade urbana feminina a partir de novas abordagens teóricas bem como a partir de inovador procedimento metodológico: os Percursos Acompanhados Casa-Trabalho-Casa. Como resultado constatamos que as mulheres não podem ser tomadas como categoria única e a diversidade e a pluralidade de suas demandas devem ser consideradas no planejamento urbano.

Percepción del espacio por mujeres racializadas: un estudo etnográfico sobre espacios públicos, privados, digitales y corporales.

Asensi Soto Àngels — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

O presente projeto explora como o corpo da mulher atravessado por eixos de opressão racista – racialização, nacionalidade, situação administrativa e língua materna – percebe os espaços da rua, do parque, da casa familiar, da internet e do próprio corpo. Através de uma abordagem qualitativa com a técnica da etnografia e com o instrumento relief maps (Rodó de Zárate, 2014), os resultados mostram como as mulheres racializadas percebem os espaços públicos como opressivos e a casa familiar e o próprio corpo como espaços de alívio, apesar das violências que sofrem nesses lugares.

Participação Político-eleitoral das mulheres e desenvolvimento sustentável: uma tênue relação inesperada

Mariana Silveira Dourado, Vanessa Reis de Oliveira Caetano, Ivan Jairo Junckes — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

A literatura acadêmica indica que a igualdade de gênero e a ocupação de espaços decisórios pelas mulheres ampliam tendencialmente a conquista de bemestar comum na sociedade. Visando a exploração dessa temática, o presente trabalho investiga a relação entre a
participação política das mulheres em três eleições e dois indicadores de desenvolvimento sustentável. Para os trabalhos, foram utilizados dados dos repositórios de candidaturas e prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral referentes às candidaturas ao cargo de vereador nas eleições de 2008, 2012 e 2016, em 5.546 municípios do país, em associação com o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) e com o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSCBR). Para o tratamento e análises estatísticas, foi utilizado o software Jamovi, além de planilhas de cálculo. Contrariando a literatura vigente, os resultados apontam para (inesperadas) correlações próximas a zero entre a maior ou menor participação políticoeleitoral das mulheres e ampliação ou redução dos indicadores de desenvolvimento sustentável.

Jovens no mercado de trabalho formal agropecuário brasileiro: tendências e perspectivas.

Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

Este artigo tem como objetivo analisar o mercado de trabalho formal de jovens (em idades entre 15 e 29 anos) alocados no setor agropecuário brasileiro, nos anos de 2010, 2019 e 2021. Metodologicamente, recorrese à análise tabular e descritiva dos dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e do Emprego. Os resultados mostram o crescimento do emprego formal juvenil agropecuário, liderado pelas mulheres, no biênio 2019 2021. Elas estão alocadas, expressivamente, na região Sudeste, com ensino médio completo e recebendo até dois saláriosmínimos. Embora as mulheres tenham aumentado seu grau de qualificação, superior ao dos homens, elas continuam recebendo os menores salários e são marcadas pela elevada rotatividade no setor agropecuário.

Homossociabilidade, Masculinidade Nociva e Mortes Violentas de Jovens Homens em Belém – PA

Pedro Israel Mota Pinto, Willame de Oliveira Ribeiro, Clay Anderson Nunes Chagas — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

O estudo envolve a realidade das problemáticas sociais na periferia da Terra Firme, na cidade de Belém/PA. Objetiva-se compreender como as construções de gênero e sexualidade de jovens homens, no bairro da Terra Firme, se refletem nas relações e ações de contenção à violência urbana. A partir de abordagem quali-quantitativa e de estudo de caso, com levantamento bibliográfico e trabalhos de campo, identificou-se que as relações de sobrevivência entre homens heterossexuais comumente perpassam pela territorialidade da masculinidade nociva, bem como as ações de contenção à violência urbana pouco levam em consideração as questões de gênero.

A geografia da densidade institucional dos direitos civis de cidadania para a comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil

Thiago Lopes Ribeiro, Daniel Abreu de Azevedo — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

Desde o final da década de 1970, a população LGBTQIAPN+ no Brasil luta por uma maior visibilidade na garantia e extensão dos direitos civis por meio de instituições políticas de promoção da equidade e respeito. O objetivo principal é analisar a distribuição e variedade de instituições que promovem os direitos civis desse grupo, considerando a diversidade espacial resultante da estrutura federativa do país. Utilizando metodologia quantitativa, o conceito de densidade institucional foi analisado em uma perspectiva geográfica e expresso por meio de representação cartográfica, tabelas e gráfico. Estados na região Norte e Mato Grosso exibiram baixa densidade institucional, sugerindo áreas que demandam maior atenção para fortalecimento das instituições existentes e criar novas instituições de participação da sociedade civil.

Territorialização e o direito à cidade: análise dos espaços de sociabilidade LGBTQIA+ em Curitiba, Paraná, Brasil

Adilar Antonio Cigolini, Nour Felipe Superchinski — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

A territorialização de grupos marginalizados revela estratégias de proteção, na medida em que seu direito à cidade é ameaçado pelos estigmas, a exemplo da comunidade LGBTQIA+. No município de Curitiba, o presente trabalhou buscou identificar, caracterizar e analisar os espaços de sociabilidade LGBTQIA+ e como esses locais e seus frequentadores se relacionam com a cidade, no que se refere à sua sociabilidade segura. Do ponto de vista metodológico, usou como suporte analítico teorias consolidadas sobre o tema, análise de questionários, pesquisas em plataformas e redes sociais e mapeamento. O resultado indicou que a percepção de que existe segurança para a sociabilidade é condicionada por uma série de fatores, o que expõe as limitações no direito à cidade por esse grupo social.

Geografia LGBT+: um conflito entre discurso e resistência no espaço urbano de Araguaina - TO

Jean Carlos Rodrigues — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

O artigo problematiza o discurso de preconceito de seguidores do perfil @nossaaraguaina, da Prefeitura Municipal de Araguaína, no Estado do Tocantins, na plataforma Instagram, na ocasião da promoção e da realização de um painel sobre direitos civis da população LGBT+ local. A partir disso, o artigo também aborda a necessidade de políticas públicas urbanas para o atendimento à comunidade LGBT+, a partir de suas vulnerabilidades sociais e espaciais. Como exemplo, o texto discute espaço de sociabilidade e visibilidade social nas cidades, sobretudo quando se analisa tais espacialidades no contexto de uma cidade no interior do Estado do Tocantins.

Apresentação

Joseli Maria Silva; Diana Lan — Thu, 17 Apr 2025 00:00:00 +0000

Apresentação