Política de Assistência Social: entre o familismo e a desfamilização
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Resumo
Após a crise do Estado de Bem-Estar Social, em meados do século XX, legitima-se o ideário neoliberal e, com ele, a retração do Estado. Essa característica trouxe sérias consequências às políticas públicas, entre elas a assistência social. Na realidade brasileira, a assistência social, apesar da hipertrofia sofrida desde o início dos anos 2000, é permeada por contrastes e recentemente vem sendo minimizada e ultra seletiva. Diante disso, este estudo, que se trata de uma pesquisa teórica do tipo bibliográfica e documental com uso de metodologia qualitativa na escolha intencional das referências bibliográficas sobre o tema, tem como objetivo compreender as particularidades, avanços e recuos da assistência social que a leva ou não a superação do familismo. Conclui-se que serviços criados na política nos anos 2000 e tipificados nacionalmente incluem aspectos desfamiliarizantes, contudo suas formas de operacionalização, público alvo, objetivos e a retomada do neoliberalismo ortodoxo reafirmaram-na enquanto uma política familista.
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