Só de toada vive a música amazonense? O Xibé Rock da BodóHell:

um grito underground na terra do Boi-Bumbá

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5212/RIF.v.22.i49.0006

Palavras-chave:

BodóHell, Xibé Rock, Cultura underground, Folkcomunicação

Resumo

Em face de sua multiculturalidade, potencialidade econômica, histórica exploração predatória de recursos (naturais e humanos) e dimensões geográficas continentais, a região amazônica é terreno fértil para várias expressões folkcomunicacionais, em diversos segmentos, por vezes obscurecidas e/ou ignoradas pelo capital político, socioeconômico, cultural, religioso e midiático hegemônico. Neste cenário, trazemos à tona como objeto de análise a banda de rock amazonense, da cidade de Parintins: a BodóHell, dotada de uma mensagem forte e transgressora. Uma banda de Hardcore Punk que conquistou o “submundo” da cena parintinense, fortemente marcada pelo monopólio musical da Toada (o termo é explicado mais à frente). Durante o dia, seus integrantes levam vidas comuns, com empregos comuns. À noite, suas mentes rebeldes questionam o comportamento da sociedade parintinense (especialmente o musical) e desnudam/denunciam aquilo que acreditam ser a mais pura hipocrisia e injustiça social no seu pedaço de Brasil. Suas letras autorais são marcadas por boas doses de humor ácido, regionalismo, alto nível de intelectualidade e crítica social, que os posiciona (ou aprisiona?) na marginalidade do cenário underground da cena roqueira amazonense. E para a melhor compreensão deste objeto (banda BodóHell) utilizamos uma metodologia de abordagem qualitativa, onde realizamos entrevistas em profundidade com dois integrantes e fundadores da banda, Estevam Bartoli e Mouzart Melo, por meio de aplicativos de mensagens e gravações em áudio, que foram transcritos e analisados. Além disso, destacamos o álbum o Auto do Boi Vudú, onde selecionamos duas faixas para aprofundamento e discussão da produção artística e cultural da cena underground parintinense. Nossas impressões/conclusões científicas sobre a produção e o papel social da banda estão diluídas ao longo do texto por meio de uma análise simbólica fluida não linear.

Biografia do Autor

Gleilson Medins de Menezes, Universidade Federal do Amazonas

Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGCOM/UFRGS). Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (PPGSCA/UFAM). Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (ICSEZ/UFAM). Membro do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Cultura e Amazônia (Trokano/UFAM) e do Grupo de Pesquisa em Comunicação e Imaginário (Imaginalis/UFRGS). Coordenador de Comunicação e Técnico Audiovisual da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da UFAM.

Gabriel Ferreira, Universidade Federal do Amazonas

Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (PPGSCA/UFAM). Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (ICSEZ/UFAM). Diretor Regional Norte da Rede Folkcom. Membro do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Cultura e Amazônia (Trokano/UFAM). Professor substituto do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da UFAM. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9488-8458. E-mail: ferreiragabriel.gf8@gmail.com 

Alexandre de Souza Costa, Universidade Federal do Amazonas

Doutor em Ciência da Informação pelo convênio UFRJ-IBICT. Mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Graduado em Arquivologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Professor da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e professor do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação - PPGIC-UFAM. É professor colaborador do curso de Mestrado Profissional em Gestão de Documentos e Arquivos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - PPGARQ (UNIRIO). Líder do Núcleo de Pesquisa, Estudos e Práticas em Arquivologia NuPEArq – da UFAM. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2500-7909.

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Publicado

2024-12-12

Como Citar

MEDINS DE MENEZES, G.; FERREIRA FRAGATA, G. .; ALEXANDRE DE SOUZA COSTA. Só de toada vive a música amazonense? O Xibé Rock da BodóHell: : um grito underground na terra do Boi-Bumbá. Revista Internacional de Folkcomunicação, [S. l.], v. 22, n. 49, p. 132–155, 2024. DOI: 10.5212/RIF.v.22.i49.0006. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/folkcom/article/view/23954. Acesso em: 21 dez. 2024.