HISTÓRIA, TRABALHO E EDUCAÇÃO: RELAÇÕES DE PRODUÇÃO E QUALIFICAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO NA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

Autores

  • Manoel Nelito Matheus Nascimento

DOI:

https://doi.org/10.5212/publ.humanas.v17i2.1781

Palavras-chave:

Brasil–História, História da educação, Educação para o trabalho, Educação profissional, Agroindústria canavieira

Resumo

Esta tese apresenta um estudo histórico da relação entre trabalho e educação, tendo por base a transformação da agroindústria canavieira. O objetivo foi analisar as transformações na organização da produção, na divisão do trabalho e nas relações de trabalho, bem como as possíveis relações com os processos educativos gerais e de formação da força de trabalho. O estudo faz uma bordagem histórica da relação trabalho e educação, utilizando como principais fontes de pesquisa os estudos já realizados e as obras disponíveis em diversas áreas do conhecimento sobre o desenvolvimento
da agroindústria canavieira. A análise está organizada em quatro fases: a primeira, abrange o período que vai do século XVI ao XIX, quando a lavoura da cana-de-açúcar e a produção manufatureira do açúcar no engenho se realizavam com o trabalho escravo. A instrução escolarizada interessava apenas a uma pequena camada da elite e servia como ponte de articulação entre os interesses metropolitanos e as atividades coloniais. A segunda fase refl ete sobre a transição da produção
manufatureira no engenho para a produção industrial na usina, nas últimas décadas do século XIX, no processo que foi concomitante à transição do trabalho escravo para o trabalho livre assalariado. Nesse novo contexto, a educação cumpria o papel estratégico de formadora do novo trabalhador, para atendimento às demandas por escolarização e formação da força de trabalho para o emergente sistema produtivo brasileiro. A terceira fase analisa, a partir da década de 1930, como se deu a expansão acelerada da industrialização no processo de substituição de importação de mercadorias, momento em que surgiu a grande indústria brasileira. Em consequência, houve uma crescente absorção de grandes contingentes de operários qualifi cados para operar, manter e reparar os equipamentos, assim como de trabalhadores qualifi cados para o planejamento e controle da produção. A educação geral e a educação técnica
profi ssional foram consolidadas em redes. A quarta fase aborda a reestruturação da produção com ênfase na automação (robotização) dos processos produtivos, com mudanças radicais para o trabalho e a formação profi ssional. Os resultados do estudo permitem concluir que as transformações nas formas de organização da produção e no trabalho engendram novos processos educativos e estes se transformam à medida
que o capitalismo avança, mudam as relações de produção e se amplia a divisão do trabalho. De modo geral, verificase que os principais elementos que caracterizam os atuais processos de produção canavieira e educativos estão presentes em todas
as fases estudadas. Estes podem ser sintetizados em: tendência de desqualifi cação do abalho decorrente dos processos de simplifi cação da produção e esvaziamento das atividades em termos de conhecimento; esvaziamento das atividades laborais com a crescente incorporação da ciência, da tecnologia e da técnica à produção; permanência da dualidade estrutural no sistema educacional brasileiro, que estabelece
escolas diferentes para classes diferenciadas; necessidade de se reafi rmar que o trabalho é um elemento constitutivo do ser humano, responsável pela produção e reprodução da sociedade e pela transformação do próprio homem.

 

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Publicado

2010-10-29

Edição

Seção

Resumo