DUAS VERSÕES DO FORA: DISTINÇÃO E DISSOLUÇÃO
Resumo
Na virada linguística dos séculos XIX e XX, que questiona a suposta neutralidade da linguagem, o fora foi uma estratégia empregada por alguns pensadores, sobretudo alemães e franceses, para escapar do positivismo dos discursos do conhecimento. Como gesto crítico à modernidade, essa posição reflexiva não afirma algo, mas desdobra os discursos infinitamente, negando até alguns dos elementos mais caros à literatura moderna como a autoria e a obra. Isso perpassa escritores como Novalis, Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger, Georges Bataille, Roland Barthes, Michel Foucault e Maurice Blanchot. Enfatizando esse último, em especial seu livro A conversa infinita (1969), este artigo comenta como o pensamento do fora se configura em dois cronótopos, o 1800 e o 1970, apontando sua influência sobre os respectivos entendimentos de literatura. Por fim, reflete sobre sua presença na produção brasileira contemporânea, em particular na ficção de Hilda Hilst e de Juliano Garcia Pessanha.
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