Dendeicultura e capitalismo: o processo de trabalho assalariado na monocultura do dendê

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24402

Palavras-chave:

trabalho agrícola; assalariados rurais; neoxtrativismo; trabalhadores.

Resumo

A economias do dendê na Indonésia e no Brasil foram endossadas por iniciativas estatais de caráter neodesenvolvimentistas que buscaram especializar essas regiões em atividades neoextrativistas, fornecedoras de bens de consumo primários. Nesse sentido, este artigo busca analisar o trabalhado assalariado na monocultura do dendê no Brasil à luz de reflexões realizadas em estudos sobre o tema na Indonésia (maior produtor do mundo de dendê). Realizou-se, para isso, uma pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo entre os trabalhadores rurais assalariados de Igarapé-Açu/PA, combinado com literatura que traz evidências sobre o trabalho assalariado na Indonésia. As informações apontam para um processo de trabalho lesivo aos próprios trabalhadores com: acidentes de trabalho, problemas relacionados à saúde, exposição a produtos químicos, extensão da jornada de trabalho.

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Biografia do Autor

Marlon Kauã Silva Cardoso, Universidade Federal do Pará

Doutorando em Sociologia e Antropologia (Sociologia) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da Universidade Federal do Pará (2024). Mestre em Sociologia e Antropologia (Sociologia) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da Universidade Federal do Pará (2024). Licenciado plenamente em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Têm experiência, de pesquisa, nas áreas de: Sociologia do trabalho, Sociologia do meio ambiente, Sociologia rural e Sociologia Urbana. Atuando principalmente nos seguintes temas: Capitalismo e Amazônia paraense.

Tânia Guimarães Ribeiro, Universidade Federal do Pará

Doutora em Ciências Humanas (Sociologia) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010). Mestra em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UFPA (2000). Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais (Sociologia) pela Faculdade de Ciências Sociais da UFRJ (1988). Atualmente é Professora Associada (Nível III) do Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) e da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA). Coordenadora do PPPGSA. Líder do Núcleo de Pesquisa ACTA (Ação Pública, Território e Ambiente) - UFPA-CNPq. Membro da Comissão Organizadora do Congresso Brasileiro de Sociologia da SBS 2023. Membro do Comitê de Pesquisa Sociologia Ambiental e Ecologia Política - SBS. Realiza orientações ao nível de doutorado, mestrado, graduação e de iniciação científica. Possui experiência na área de gestão acadêmica, participando de diversas comissões. Atuou como assessora em Organização Não-Governamental e na Gestão Pública Estadual. Possui experiência na elaboração de Diagnósticos na área de Sociologia e na área de Pesquisa, coordenando atualmente o Projeto Território, Participação e Conservação Ambiental/CNPq-2018. As áreas de interesse das pesquisas envolvem as temáticas de: Políticas Públicas e Participação; Conflitos Socioambientais; Movimentos Sociais; Desigualdades Sociais; dinâmicas sociopolíticas em Reservas Extrativistas, Sociologia do Desenvolvimento.

Dalva Maria da Mota, Embrapa Amazônia Oriental: Belém, Pará, BR; Universidade Federal do Pará.

Mestre em Sociologia Rural pela Universidade Federal da Paraíba (1990) e doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco/Sam Houston State University (2003), cuja tese ganhou o Prêmio SOBER de melhor tese de sociologia em 2003. Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental onde coordena estudos sobre trabalho no espaço rural, políticas públicas para mulheres extrativistas e inclusão social de agricultores produtores de dendê na Amazônia. Pertence ao corpo permanente de Programa de Pós Graduação - Mestrado e Doutorado em Agriculturas Familiares da Universidade Federal do Pará.. Publicou quatro livros, é coautora de dois, organizou cinco e possue mais de 100 artigos em periódicos indexados, capítulos de livros e artigos em anais de congresso. Tem diferentes experiências internacionais em formação, pesquisa e desenvolvimento na França, Gabão, Argentina, Israel, Estados Unidos e Inglaterra. Fez pós doutoramento em Antropologia Social na Universidade de Londres em 2011 e licença capacitação na Alemanha em 2020. Membro da diretoria da SOBER entre 2017 e 2021. Membro do Conselho Consultivo da Rede de Rural a partir de 2023. É parecerista de várias revistas científicas.

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Publicado

2025-04-25

Como Citar

SILVA CARDOSO, M. K.; RIBEIRO, T. G.; DA MOTA, D. M. Dendeicultura e capitalismo: o processo de trabalho assalariado na monocultura do dendê. Revista de História Regional, [S. l.], v. 30, 2025. DOI: 10.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24402. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/24402. Acesso em: 17 maio. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Mundo rural, vidas diversas: experiências, trabalho e cultura