O protagonismo da tecnologia nos processos comunicacionais e a potencialização das desigualdades de acesso à internet no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5212/RIF.v.21.i46.0011Palavras-chave:
Mídia;, Tecnologia; , Processos comunicacionais; , Ator-rede;, Folkcomunicação.Resumo
O caráter de exceção que dominou o cotidiano de todo o planeta em função da pandemia de Covid-19 ao longo do ano de 2020 estabeleceu novos parâmetros de convivência, tendo como uma das premissas para a contenção do contágio o isolamento ou distanciamento social. Diante de um cenário de impossibilidade de contatos presenciais, em praticamente todas as esferas de relacionamento social e interpessoal (familiar, profissional, educacional), as soluções tecnológicas, midiáticas e digitais assumiram definitivamente o protagonismo nos processos comunicacionais. O presente artigo discute essa agenda de aceleração tecnológica a partir de um contraponto essencial à sua efetivação no nosso país: 18% da dos domicílios brasileiros não tem acesso à internet, segundo dados da pesquisa TIC-2021. Isso corresponde a 35,5 milhões de pessoas que não estão conectadas à rede mundial de computadores e para os quais a barreira é o valor elevado que as operadoras cobram pelo serviço. Os problemas estruturais da “vida real” se espelharam nitidamente na “vida virtual”, potencializando desigualdades e reforçando a exclusão digital dos cidadãos que já vivem um processo de disjunção social. Ao resgatar a teoria ator-rede, de Bruno Latour, que discorre sobre o espaço-rede e sua transformação a partir das relações entre humanos e não-humanos, o que se pretende é dialogar com o conceito da Folkcomunicação a partir das concepções de ativista midiático trazido por Osvaldo Trigueiro, de modo a entender de que maneira este último pode ser um caminho alternativo para algum tipo de acesso a essa massa “desconectada” da população brasileira.
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