REFLEXÕES EM TORNO DO DISCURSO FANTÁSTICO: O MANDARIM DE EÇA DE QUEIRÓS
DOI:
https://doi.org/10.5212/uniletras.v22i1.198Resumo
Based on Eça de Queiroz’s (1845-1900) O Mandarim (1880), the present study seeks to reflect on the notion of incerteza linked to the fantastic literature (Vax 1965, Caillois 1966, Todorov 1970, Bessière 1974, Penning 1980), as well as on the three main characteristics of the fantastic discourse (Todorov 1970): 1. the narrator as protagonist; 2. figurative language, particularly irony and exaggeration; 3. irreversibility of the time. It becomes evident that the relation between irony and humour, and between smile and fear lends greater complexity to the fantastic (Vax 1983). Although a text immanent analysis does contribute to a better understanding of the fictional machinery, final considerations are drawn on the importance of reflections on the social world and mental universe (Bessière 1974) of the main character, since the psychology of the individual is by analogy the psychology of the society and the devil plays a very important role in the so called collective symbolism. Eventually a few considerations are made about the realist Author and his mockery of the exotic-romantic, as well his subtle criticism on the recent colonial past (Chinese from Macau being exported to Cuba).
Key words: fantastic discourse; narrator-protagonist; figurative language; devil; collective symbolism; Fantastic Literature; exotic; Portuguese Colonialism; Todorov; Roger Caillois; Louis Vax; Irène Bessière; Eça de Queiroz; O Mandarim
Tomando como base O Mandarim (1880) de Eça de Queirós (1845-1900), o presente estudo procura refletir sobre a noção de incerteza conferida à literatura fantástica (Vax 1965, Caillois 1966, Todorov 1970, Penning 1980), assim como a respeito de três características principais do discurso fantástico (Todorov 1970): 1. o eu narrador-personagem; 2. linguagem figurativa, particularmente ironia e hipérbole; 3. irreversibilidade do tempo. Torna-se evidente que a relação entre ironia e humor, sorriso e medo, confere ao fantástico maior complexidade (Vax 1983). Embora uma análise imanente do texto leve a uma melhor compreensão da máquina ficcional, considerações finais apontam para a importância de reflexões sobre o mundo social e o universo mental (Bessière 1974) do protagonista , desde que a psicologia do indivíduo é, por extensão, a psicologia da sociedade e o diabo desempenha um papel fundamental no chamado simbolismo coletivo. Finalmente, são tecidas algumas considerações sobre o autor e a zombaria dirigida ao exótico-romântico, assim como a sutil crítica ao passado coloniasta recente (chineses de Macau exportados a Cuba).
Palavras-chave: discurso fantástico; narrador-protagonista; linguagem figurativa; diabo; simbolismo coletivo; Literatura Fantástica; exótico; colonialismo português; Todorov; Roger Caillois; Louis Vax; Irène Bessière; Eça de Queirós; O Mandarim
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