O PRÍNCIPE DO BRASIL: O PROBLEMA DAS DESCRIÇÕES DEFINIDAS ILUSTRADO
Resumo
Neste artigo, analisamos o seguinte proferimento de Gregório Duvivier em seu twitter: “É fake que o príncipe fez suruba gay e bateu em mendigo. Ele não é príncipe.”. Essa sentença coloca um problema intrigante para análise porque contém a descrição definida o príncipe, que remete a um problema clássico da filosofia da linguagem: o problema da denotação de expressões que têm sentido, mas não têm referência. Russell (1905), que primeiro apontou esse problema, estabelece que descrições definidas como essa carregam a informação de que há um único príncipe do Brasil, e a inexistência de um indivíduo que satisfaça essa propriedade tornaria a sentença falsa. Strawson (1950) argumenta que isso se converte em condições de felicidade da sentença, na medida que essa informação faria parte do conteúdo pressuposto e não do conteúdo assertado. Por consequência, mostramos que o comentário de Gregório manipula essa pressuposição de existência através de negação metalinguística (HORN, 2001 [1989]), mas sem cancelá-la por completo, porque sua retificação se dirige apenas para o predicado da descrição definida e não para o quantificador existencial. Em consequência disso, o comentário de Gregório preserva a informação da asserção de que o indivíduo em questão participou de suruba gay e bateu em mendigo e pragmaticamente os interlocutores vinculam esse indivíduo ao deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, o pretenso príncipe. Assim, a análise demonstra princípios elementares de semântica e pragmática a partir de um dado extraído de uma interação real.
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