DEMARCAÇÃO DE TERRA NO BRASIL:

DISCURSO, NECROPOLÍTICA E RESISTÊNCIA

Autores

  • Nívea Rohling UTFPR https://orcid.org/0000-0003-2797-9207
  • Maria de Lourdes Rossi Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  • Ketlyn Margoti Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Resumo

O presente artigo examinou os discursos produzidos no governo de Jair Messias Bolsonaro (doravante JMB), no início de seu mandato, com foco na demarcação de terras dos povos indígenas brasileiros. O enfoque se deu em enunciados que mobilizaram ações que transferiram a responsabilidade da demarcação de terras da Funai para o Ministério da Agricultura, colocando os interesses ruralistas acima das pautas indígenas. O artigo também investigou as reações de ONGs e povos indígenas, especificamente Apuí, Guarani Mbya Carijó e Mundurucus, que se posicionaram como vozes de resistência e crítica às ações necropolíticas da esfera governamental. A análise mobilizou o conceito de necropolítica de Achille Mbembe (2018), que considera o biopoder na decisão sobre a vida e a morte, e os estudos de indexicalidade de Jan Blommaert (2010; 2014) e Michael Silverstein (2003) para explorar como os discursos de JMB refletem/refratam ideologias autoritárias (Volóchinov, 2013) e violentas. Os resultados mostram que JMB utilizou sua soberania sobre corpos desprotegidos para favorecer um grupo político específico, justificando suas ações em argumentos pautados no desenvolvimento econômico, enquanto desconsiderava os direitos e a dignidade desses povos. A linguagem foi usada para moldar a percepção pública e legitimar essas ações, favorecendo a exploração econômica sobre a preservação ambiental.

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Biografia do Autor

Maria de Lourdes Rossi , Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Professora associada da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR - Curitiba), com pós-doutorado em Ciências da Educação pela Universidade do Minho (UM - PT). Doutora em Linguística pela Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de São Paulo (USP), mestre em Estudos da Linguagem (UEL), especialista em Língua Portuguesa (UEL) e graduada em Letras Vernáculas e Anglo (UEL). A pesquisadora é docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos das Linguagens/PPGEL, líder do Grupo de Pesquisa em Linguística Aplicada (Grupla).

 

 

Ketlyn Margoti, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Graduada em Letras Português - Espanhol pela PUCPR e professora de língua espanhola. Mestranda em Estudos de Linguagens - PPGEL/UTFPR. Tem experiência com os seguintes temas: literatura hispano-americana, multiculturalismo, análise do discurso e ensino de línguas estrangeiras modernas.

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Publicado

2025-10-27

Como Citar

ROHLING, N.; ROSSI , M. de L.; MARGOTI, K. . . DEMARCAÇÃO DE TERRA NO BRASIL:: DISCURSO, NECROPOLÍTICA E RESISTÊNCIA. Muitas Vozes, [S. l.], v. 13, 2025. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/muitasvozes/article/view/23904. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Raça, Gênero, Sexualidade e Classe em Ideologias da Linguagem