Brasil e Portugal: o antagonismo na construção da identidade nacional durante a Primeira República
Resumo
O objetivo deste artigo é refletir sobre a separação identitária entre Brasil e Portugal, e suas implicações para a memória coletiva, no processo de construção da narrativa nacional durante a Primeira República (1889-1930). O viés deste trabalho situa o fenômeno no espaço de confluência entre o jornalismo e a história brasileira. O recorte analítico abarca doze edições da revista “Brazilea” no ano de 1917, estudadas com base na concepção narrativa de Ricoeur (1994) e nos construtos acerca da memória (Halbwachs, 1990; Pollak, 1992; Catroga, 2016). Como resultado, a pesquisa revelou: animosidade em relação aos imigrantes portugueses; desprezo pelo legado português, considerado “vicioso”, e uma tentativa de banir da narrativa nacional os históricos vínculos entre os países. O estudo percebeu marcas de antagonismo e intolerância, que sugerem vestígios xenófobos contra os portugueses, uma espécie de lusofobia.