Ethos de resistência jornalística na imprensa alternativa durante a ditadura militar brasileira
Estudo dos depoimentos em Resistir é Preciso
DOI:
https://doi.org/10.5212/RevistaPautaGeral.v.9.19957Resumo
O artigo pretende compreender como os jornalistas que realizaram oposição à ditadura militar brasileira (1964-1985) no escopo da imprensa alternativa se relacionaram com o campo jornalístico e com os mecanismos de repressão do período autoritário em questão. Parte-se do princípio de que esses agentes compartilhavam um ethos de resistência jornalística em contraposição às posições dominantes do campo. O corpus analítico é composto por seis depoimentos fornecidos ao projeto Resistir é Preciso, iniciativa do Instituto Vladimir Herzog. Do ponto de vista teórico, vale-se das categorias de ethos, campo e capital oriundas da proposta sociológica de Pierre Bourdieu. Procurou-se a partir dos relatos memorialísticos identificar categorias de análise. Infere-se que o ethos desses agentes pode ser analisado sob a ótica de quatro categorias: 1) Sentimento de insuficiência com a imprensa convencional; 2) Disposição contestatória; 3) Oposição à estrutura organizacional tradicional do jornalismo; e 4) Estratégias comunicacionais de enfrentamento e burla.