Jornalismo ambiental e decolonialidade

a ênfase em ouvir outras vozes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5212/RevistaPautaGeral.v.10.21854

Palavras-chave:

Jornalismo ambiental, Decolonialidade, Pluralidade de vozes

Resumo

A ampliação da discussão decolonial nos estudos do Jornalismo evidencia uma série de pressupostos do jornalismo ambiental, ainda que nem sempre nomeado dessa forma. Nosso objetivo neste texto é debater a relevância da pluralidade de vozes, rompendo com a perspectiva de que as fontes oficiais teriam mais valor do que aquelas ditas cidadãs. O jornalismo comprometido com o meio ambiente assume como imprescindível que os apagamentos historicamente legitimados pelo jornalismo hegemônico sejam revistos. A partir de pesquisas que observaram quais eram as vozes acionadas no jornalismo que cobre o meio ambiente, refletimos sobre pontos comuns entre esta especialidade e o olhar decolonial.

Biografia do Autor

Eloisa Beling Loose, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com mestrado e doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Realizou estágio doutoral no exterior e pós-doutorado na área de comunicação climática. É vice-líder do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS). Atua como pesquisadora nas interfaces entre Comunicação, Meio Ambiente, Riscos e Desastres.

Patrícia Kolling, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Campus Universitário do Araguaia

Doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Jornalista. Professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Campus Universitário do Araguaia.

Janaína Capeletti, rograma de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desde 2022, na linha de pesquisa Culturas, Política e Significação, com pesquisa em Jornalismo Ambiental sobre orientação da Dra.Ilza Tourinho Girardi. Integrante do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental da UFRGS. Possui especialização em Responsabilidade Social e Sustentabilidade pela ULBRA (2018) e em Cultura Digital e Redes Sociais pela Unisinos (2016). Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001). Tem experiência nas áreas de comunicação ambiental, jornalismo, comunicação digital e pesquisa de mercado.

Referências

BERGER, P.; LUCKMANN, T. Modernidade, Pluralismo e Crise de Sentido – A orientação do homem. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.

BERNARDINO-COSTA, J.; GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, Brasília, v. 31, n.1, p. 15-24, 2016.

BUENO, W. Comunicação, jornalismo e meio ambiente: teoria e pesquisa. São Paulo: Majoara, 2007a.

BUENO, W. Jornalismo Ambiental: explorando além do conceito. Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, n. 15, p. 33-44, 2007b.

CARNEIRO DA CUNHA, M. Cultura com aspas e outros ensaios. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

CARVALHO, C. A. O jornalismo, ator social colonizado e colonizador. Curitiba: CRV, 2023.

CASTRO GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. Prólogo. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007. pp.9-23.

FERDINAND, M. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo: Ubu editora, 2022.

GIRARDI, I. M. T.; LOOSE, E. B. Interfaces entre o debate colonial e os estudos de jornalismo ambiental. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, v. 58, p. 319-333, 2021.

GIRARDI, I. M. T.; MASSIERER C.; LOOSE, E. B.; SCHWAAB, R. Jornalismo ambiental: caminhos e descaminhos. Comunicação e Sociedade, v. 34, n. 1, p. 131-152, 2012.

GÓES, J. C. O jornalismo e a experiência do invisível: identidades, lusofonias e a visível herança colonial brasileira. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo Horizonte, 2017.

KARPPINEN, K. Journalism, pluralism and diversity. In: T. Vos (ed.). Journalism, Berlin, v. 19, 2018.

KISCHINHEVSKY, M. Por qual diversidade lutar? Desafios à regulação no rádio musical brasileiro. In: DANTAS, M.; KISCHINHEVSKY, M. (org.). Políticas públicas e pluralidade na comunicação e na cultura. Rio de Janeiro: E-Papers, 2013.

KOLLING, P. Notícias do Movimento Indígena Brasileiro: Análise de conteúdo da produção da Apib e Coiab na pandemia da Covid-19. Tese (Programa de Pós-Graduação em Comunicação), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2022.

LEAL, B.; CARVALHO, C. A. De fontes a agentes jornalísticos: a crítica de uma metáfora morta. Revista Intexto, Porto Alegre, set/dez 2015, pp. 606-622. Acesso em: 23 de maio de 2023.

LEFF, E. A aposta pela vida: imaginação sociológica e imaginários sociais nos territórios ambientais do Sul. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Editora Cortez, 2001.

LOOSE, E. B. Jornalismo e mudanças climáticas desde o Sul: os vínculos do jornalismo não hegemônico com a colonialidade. Tese (Programa de pós-graduação em Comunicação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre, 2021.

MALDONADO-TORRES, N. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: COSTA, J. B.; MALDONADO-TORRES, N; GROSFOGUEL, R. (Org.) Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte (MG): Autêntica, 2019.

MALDONADO-TORRES, N. Cesaire’s gift and the decolonial turn. Radical Philosophy Review, v. 9, n. 2, p. 111-138, 2006.

MARTÍN-BARBERO, J. Tecnicidade, identidades, alteridades: mudanças e opacidades da comunicação no novo século. In: MORAES, Dênis (org.). Sociedade Midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006. p.51-80.

MEDITSCH, E. O jornalismo é uma forma de conhecimento? Conferência realizada nos cursos da Arrábida – Universidade de Verão. Universidade Federal de Santa Catarina, 1997.

MELATTI, J. C. Índios do Brasil. 7. ed., São Paulo: Hucitec, 1993.

MIGNOLO, W. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 1-18, 2017.

MORAES, F. A pauta é uma arma de combate: Subjetividade, prática reflexiva e posicionamento para superar um jornalismo que desumaniza. Porto Alegre: Arquipélago, 2022.

PACHECO DE OLIVEIRA, J. O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: ContraCapa Editora, 2016.

PELÚCIO, L. Subalterno quem, cara pálida? Apontamentos às margens sobre pós-colonialismos, feminismos e estudos queer. Revista Contemporânea, São Carlos, v. 2, nº 2, p. 395-418, 2012.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber – Eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Socialies (CLACSO), 2005, p.117-142.

RIBEIRO, D. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017.

SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 78, p. 3-46, 2007.

TORRICO VILLANUEVA, E. Decolonizar la comunicación. In: Anais do Congreso Internacional Comunicación, Decolonización y Buen Vivir. Quito. Quito: Ciespal, 2015.

TORRICO VILLANUEVA, E. Para uma comunicação ex-cêntrica. MATRIZes, São Paulo, v. 13, n. 3, p. 89-107, 2019.

TRAQUINA, N. A tribo jornalística: uma comunidade interpretativa transnacional. (Teorias do jornalismo, v. 2). Florianópolis: Insular, 2005.

TRAQUINA, N. O estudo do jornalismo no século XX. São Leopoldo: Unisinos, 2001.

WALSH, C. Interculturalidad, plurinacionalidad y decolonialidad: las insurgencias político-epistémicas de refundar el Estado. Tabula Rasa, Bogotá, n. 9, p.131-152, 2008.

Downloads

Publicado

2023-06-30

Como Citar

Beling Loose, E., Kolling, P., & Capeletti, J. (2023). Jornalismo ambiental e decolonialidade: a ênfase em ouvir outras vozes. Pauta Geral - Estudos Em Jornalismo, 10(1). https://doi.org/10.5212/RevistaPautaGeral.v.10.21854

Edição

Seção

Dossiê (v. 10, n. 1) | Jornalismo e Decolonialidade