O memorial de Aires e a libertação pela arte. Doi: 10.5212/Uniletras.v.31i2.085097

Abstract

Propõe-se um estudo do Memorial de Aires, de Machado de Assis, sob a perspectiva de sua estrutura musical. Se a questão da dor e da impossibilidade de o homem habitar o tempo e a história sem se dilacerar na contradição e na irrealização está proposta nesse romance, a questão recebe nele o seu enfoque decisivo, propiciado por uma aproximação com a filosofia de Pascal e de Schopenhauer. Do mesmo modo, não se pode afirmar que Machado de Assis professe abertamente uma filosofia da queda ou da vontade, a arte aparece como via de libertação, falando por meio do relato e das articulações sutis que se percebem no plano das imagens, bem como no recorte do seu formato musical. Nesse recorte, as instâncias do múltiplo e do uno se encontram e se entrelaçam, formando um todo que é, de certo modo, aberto e oferece um reflexo do mundo e suas contradições.