LITERATURA E ALTERIDADE: A EXPEDIÇÃO MONTAIGNE, DE ANTONIO CALLADO

Autores

  • José Osmar de Melo Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)

Resumo

Este ensaio analisa a questão da viagem no romance A expedição Montaigne, de Antonio Callado, com o objetivo de mostrar a anulação do indígena no embate com o homem branco, ao longo do processo de construção da nação brasileira, que não incluiu, nesse projeto, os povos autóctones do Brasil. Ao pôr como chefe da expedição um intelectual branco, de origem francesa, que deseja armar um exército de indígenas da Amazônia contra o colonialismo branco, através da ajuda de Ipavu, indígena há muito radicado no centro urbano e totalmente degradado psicológica e culturalmente, o autor, mediante cáustica sátira política, denuncia o Brasil da guerrilha, nos anos 60-70, e retrata o abandono, a triste realidade e a decadência cultural dos povos indígenas, metaforizados em Ipavu, indígena que gosta do mundo dos brancos, é alcoólatra e, por isso mesmo, odeia seu povo, renega seus valores culturais e não quer, de modo algum, retornar às suas origens, já que se identifica com o mundo da marginalidade urbana.

Downloads

Publicado

2022-05-17

Edição

Seção

Artigos Tema Livre