Cultura e desenvolvimento

um estudo de caso sobre o requeijão de prato no município de Lagoinha/SP

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5212/RIF.v.22.i49.0013

Palavras-chave:

Desenvolvimento Territorial, Cultura, Signos distintivos, Território

Resumo

Os produtos alimentares tradicionais estão diretamente ligados ao território onde são produzidos e reconhecidos. Estes alimentos são resultados das dinâmicas socioculturais de determinado sociedade, que ocupa um espaço geográfico delimitado e podem ser constituídos como signos distintivos territoriais, contribuindo com o desenvolvimento regional e local. A identidade territorial pode ser representada pelas manifestações dos elementos culturais, e quando valorizados, são alternativas econômicas ao desenvolvimento. O presente artigo tem por objetivo identificar de qual forma, a partir das relações socioculturais, o requeijão de prato contribui para as estratégias de desenvolvimento do município de Lagoinha/SP. A pesquisa tem uma abordagem qualitativa de caráter exploratório. Os dados primários foram coletados mediante entrevistas semiestruturadas e analisados de acordo com a proposta metodológica apresentada, e os dados secundários por pesquisas bibliográficas e documentais. Os resultados demonstram que o requeijão de prato, como uma manifestação cultural, é um bem coletivo com identidade territorial, pois articula vários atores da sociedade e colabora nas dimensões do patrimônio territorial. Por ser um alimento contributivo para estratégias no desenvolvimento local, deve ser preservado a partir de políticas públicas e valorizado pelos diversos atores e setores do município de Lagoinha.  

Biografia do Autor

Daniel Marco Bretz Sales, Universidade de Taubaté (UNITAU)

Mestre em Planejamento e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté. 

Monica Franchi Carniello, Universidade de Taubaté

Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC SP), docente do Programa de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté

Moacir José dos Santos, Universidade de Taubaté (UNITAU)

Doutor em História, professor da Universidade de Taubaté. Pesquisador do Programa de Pós-graduação em Planejamento e Desenvolvimento Regional.  

Referências

ALESP. Projeto de Lei nº 94/2023. Reconhece como de relevante interesse cultural o antigo "Caminho do Ouro Paulista". São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/spl/2023/03/Propositura/1000485170_1000622448_Propositura.pdf

ALESP. Parecer nº 238, de 2023. Comissão de Constituição, Justiça e Redação, sobre o projeto de lei nº 578, de 2021. São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/spl/2023/03/Acessorio/1000484774_1000622243_Acessorio.doc

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BASTOS, L. da S.; CONSONI, F. L.; MESQUITA, F. C.. A interação entre conhecimentos em um Sistema Territorial de Inovação periférico: o caso da Indicação Geográfica do Queijo Canastra. Anais do III Simpósio Internacional de Geografia do Conhecimento e da Inovação, p. 50-59, 2019.

BELTRÃO, Luiz. Folkcomunicação: Um estudo dos agentes e meios populares de informação de fatos e expressão de ideias. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

BOAS, F. Antropologia cultural. Textos selecionados, apresentação e tradução, Celso Castro. 2a edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

BRASIL. Governo Federal. Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996. Lei da Propriedade Industrial. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília: DF, 1996.

BRASIL. MAPA. Instrução Normativa nº77, de 26 de novembro de 2018. Estabelece os critérios para produção, acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite cru. Disponível em: https://www.defesa.agricultura.sp.gov.br/legislacoes/instrucao-normativa-mapa-77-de-26-11-2018,1214.html

BRASIL. MAPA. Portaria nº359, de 04 de setembro de 1997. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Requeijão ou Requesõn. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=08/09/1997&jornal=1&pagina=42&totalArquivos=160

BRUCH, K. L. Signos distintivos de origem: entre o velho e o novo mundo vitivinícola. Tese (Programa de pós-graduação em Direito) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2011.

CANCLINI, Néstor Garcia. Culturas Híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad. Buenos Aires: Paidós, 2001.

CARNIELLO, M. F.; SANTOS, M. J. dos; PIMENTA, C. A. M. A abordagem territorial do desenvolvimento: um olhar metodológico sobre a dimensão cultural e seus componentes. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 18, n. 1, 2022.

CLAVAL, P. A geográfica cultural. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2007.

DALLABRIDA, V. R. Valorização do território, signos distintivos e desenvolvimento territorial: uma aproximação teórica e indicativos metodológicos. In: ENANPUR da UFRN, Natal, 2019. Anais XVIII ENANPUR 2019a. Disponível em: http://xviiienanpur.anpur.org.br/anaisadmin/capapdf.php?reqid=23.

DA SILVA, Fabrício Carvalho et al. Estudo bibliométrico e análise de tendências de pesquisa em indicações geográficas. Research, Society and Development, v. 9, n. 10, p. e7469109146-e7469109146, 2020.

DALLABRIDA, V. R.; BAUKART, K. S.; GUIZANI, W. Signos Distintivos Territoriais e Indicação Geográfica: uma avaliação de experiências com a aplicação de instrumental metodológico. Interações, Campo Grande, MS, v.21, n. 1, p195-211, jan./mar. 2019b. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/inter/v21n1/1518-7012-inter-21-01-0195.pdf. Acesso em: 02 mar. 2021.

DAVEL, E. P. B. ; SANTOS, F. P. Gestão de equipamentos culturais com base na identidade territorial. Revista Gestão & Conexões, v. 7, n. 2, p. 7-42, 2018.

EAGLETON, T. A ideia de cultura. 1ª ed. Lisboa: Temas e Debates, 2003.

EMBRAPA. Queijos artesanais brasileiros. Brasília: DF, 2021. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/226359/1/Queijos-artesanais-brasileiros.pdf

FLORES, M. A identidade cultural do território como base de estratégias de desenvolvimento – uma visão do estado da arte. Santiago, Chile: RIMISP, 2006

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de empresas, v. 35, p. 20-29, 1995.

IBGE. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/lagoinha/panorama 2022.

KRONE, Evander Eloí; MENASCHE, Renata. Políticas públicas para produtos com identidade cultural: uma reflexão a partir do caso do Queijo Artesanal Serrano do sul do Brasil. 2010.

LAGOINHA. Lei nº 1077, de 23 de fevereiro de 2021. Prefeitura Municipal de Lagoinha. Disponível em: https://www.lagoinha.sp.gov.br/publicos/lei_1077_16115930.pdf

LAGOINHA. Divulgação do requeijão de prato como Patrimônio Cultural Imaterial de Lagoinha. Disponível em: https://www.lagoinha.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/1165/a-partir-de-agora-o-requeijao-de-prato-e-um-patrimonio-cultural-imaterial-de-lagoinha/

MIGUEL, Iván Boal San. Cultura, creatividad y disparidades territoriales: nuevas perspectivas de análisis. Tese (Doutorado em Economia) Universidad de Valladoilid, 2021.

MONTANARI, Massimo. Comida como cultura. São Paulo: Senac, 2008.

NATÁRIO, Maria Manuela; BRAGA, Ascensão Maria; REI, Constantino. A valorização dos recursos endógenos nos desenvolvimentos dos Territórios Rurais. 2016.

PECQUEUR, B. Qualité et développement territorial: l'hypothèse du panier de biens et de services territorialisés. Économie rurale, v. 261, n. 1, p. 37-49, 2001.

PELLIN, Valdinho; RIBEIRO, J. Cadima; MANTOVANELI, Oklinger. Contribuições dos produtos tradicionais para o território: a experiência do queijo Serra da Estrela, em Portugal. Territórios e Fronteiras, v. 9, n. 1, p. 264-284, 2016.

PELLIN, Valdinho; CURADI, Fausto Cheida. Potencialidades e limites das indicações geográficas (IGs) como estratégia de desenvolvimento territorial sustentável em Santa Catarina. Revista Metropolitana de Governança Corporativa (ISSN 2447-8024), v. 3, n. 2, p. 03-18, 2018.

PELLIN, Valdinho. Indicações Geográficas e desenvolvimento regional no Brasil: a atuação dos principais atores e suas metodologias de trabalho. Interações (Campo Grande), v. 20, p. 63-78, 2019.

PRATS, L. Concepto y gestión del patrimonio local. Cuadernos de antropología social, v. 21, n. 2005, p. 17-35, 2005.

RIBEIRO, T. L. Cadeia produtiva do leite de vaca: revisão de literatura. Jaboticabol, Unesp, 2021.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2012.

SACK, Robert David. Territorialidade humana: sua teoria e história. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.

SANTOS, Mi; BECKER, B. K. (org.). Território, territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

SANTOS, E. L. et al. Desenvolvimento: um conceito multidimensional. Desenvolvimento Regional em debate Ano 2, n. 1, jul. 2012.

SÃO PAULO. Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Mapa das regiões administrativas do estado de São Paulo. Disponível em: https://www.agricultura.sp.gov.br/pt/. Acesso em: 02 set, 2022.

SÃO PAULO. Empresa Metropolitana de Transporte Urbanos (EMTU). Mapa da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Disponível em: https://www.emtu.sp.gov.br/emtu/institucional/quem-somos/vale-do-paraiba-e-litoral-norte.fss. Acesso em: 02 set, 2022.

SÃO PAULO. Instituto de Economia Agrícola. Mapa dos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR) do estado de São Paulo. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/mapa.php. Acesso em: 02 set, 2022.

SAQUET, Marcos Aurélio; SPOSITO, Eliseu Savério (org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão popular: UNESP, 2008.

SEADE. Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Painel do município de Lagoinha/SP. Disponível em: https://pib.seade.gov.br/municipal/

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2017.

SILVA, S. B. M. O turismo como instrumento de desenvolvimento e redução da pobreza: uma perspectiva territorial. CORIOLANO, L. N. M. T., LIMA, L. C. (org.) Turismo comunitário e responsabilidade socioambiental. Fortaleza: EDUECE. pp.19-25, 2003.

TILIO, R. C. Reflexões acerca do conceito de cultura. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades, v. 7, n. 27, p. 35-46, 2009.

UNESCO. Universal Declaration on Cultural Diversity. Paris, 2001. Disponível em: http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CLT/pdf/5_Cultural_Diversity_EN.pdf.

VIEIRA, N. M. Integridade e autenticidade: conceitos-chave para a reflexão sobre intervenções contemporâneas em áreas históricas. Anais de ARQUIMEMÓRIA, 3º Encontro Nacional de Arquitetos sobre Preservação do patrimônio edificado. Salvador, 2008.

VITROLLES, D. A valorização de produtos de origem no Brasil: um comparativo entre mecanismos de qualificação. In: NIERDELE, Paulo André (org.). Indicações Geográficas: qualidade e origem nos mercados agroalimentares. Porto Alegre: UFRS, p.151-177, 2013.

ZUIN, Luís Fernando Soares; ZUIN, Poliana Bruno. Produção de alimentos tradicionais contribuindo para o desenvolvimento local/regional e dos pequenos produtores rurais. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 4, n. 1, 2008.

Downloads

Publicado

2024-12-12

Como Citar

BRETZ SALES, D. M.; CARNIELLO, M. F.; DOS SANTOS, M. J. Cultura e desenvolvimento: um estudo de caso sobre o requeijão de prato no município de Lagoinha/SP. Revista Internacional de Folkcomunicação, [S. l.], v. 22, n. 49, p. 282–308, 2024. DOI: 10.5212/RIF.v.22.i49.0013. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/folkcom/article/view/23437. Acesso em: 21 dez. 2024.