Estudantes em luta: formações discursivas dos jovens hiperconectados contra a reorganização das escolas no Estado de São Paulo
Mots-clés :
Discurso, Reorganização escolar, Estudantes secundaristas.Résumé
No final de 2015, o governo do Estado de São Paulo lançou um projeto, conhecido como “Reorganização Escolar das Escolas Públicas”, que consistia em agrupar alunos nas escolas públicas por ciclos, conforme faixas de idade, promovendo mudança na organização, no sistema e na gestão das unidades. Os estudantes se revoltaram e foram à luta contra a proposta devido a diversos pontos contrários: o aumento da distância a percorrer para se chegar ao local de estudo, cortes de verbas na educação, aumento de alunos nas classes já lotadas e vários outros. O movimento ganhou voz nas redes sociais e uma luta de jovens hiperconectados reverberou em diversas ações e de outro lado foram reprimidos com coações policiais tramando uma guerra que trouxe materialidades verbais e não-verbais por meio do jogo com a linguagem, numa trama dos sentidos, o jogo do simbólico e do político. O artigo tem como objetivo principal analisar, na ótica da Análise de Discurso pecheuxtiana, as formações discursivas dos estudantes secundaristas em luta, através da circulação de imagens nas redes sociais. Para fechamento de um corpus a ser recortado, atentou-se para as páginas na rede social Facebook: Não fechem minha escola, Secundaristas em luta e Canal Secundarista. As análises mostraram que a luta dos estudantes secundaristas ganhou um caminho próprio pelas redes sociais e que o intercruzamento de diversos discursos e campos discursivos como a educação, a política, a democracia, marcaram o posicionamento do sujeito desta luta num jogo entre paráfrase e polissemia, retomando muitas vezes atos e ações que foram presentes na história política brasileira, como é o caso dos tempos da ditadura militar. No entanto, o deslocamento de atos e ações para um objetivo de reivindicação de direitos na educação transforma os dizeres e os seus sentidos postos em circulação num movimento interpretativo.
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