Como ler um texto da prisão: tensões, conflitos e interpretação na prática da escrita no cárcere
Resumo
Este artigo toma a escrita no cárcere, produzida a partir da participação de presos e presas em concursos literários ou artísticos realizados na prisão, como ponto de partida para a análise e compreensão do trânsito entre o dentro e o fora do cárcere a partir das relações sempre tensas entre instituição prisional e sujeito preso. O texto escrito pelo preso é acompanhado de uma série de outros textos para que, ao sair do cárcere, permita uma interpretação “correta” por parte do leitor que se encontra do lado de fora das grades. Essa operação, de construção de um sentido literal, conceito tomado de empréstimo do Certeau (2013), ilumina uma compreensão sobre a escrita no cárcere como uma operação de poder, prática controlada por peritos e especialistas para que a escrita do cárcere não se torne completamente incendiária (Butler, 2016).
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