A INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: INVESTIGANDO ALGUMAS ESTRATÉGIAS PRONOMINAIS EM ORAÇÕES FINITAS
Resumo
Neste artigo, analisamos estratégias de indeterminação do sujeito em orações finitas do português brasileiro (PB), por meio da investigação de um corpus recente de língua falada, o corpus LínguaPOA, que contém fala transcrita e coletada entre 2015 e 2016 em entrevistas sociolinguísticas. A ideia básica aqui é descrevermos e elencarmos as estratégias de indeterminação do sujeito em PB falado contemporâneo, com o intuito de verificarmos se a hipótese de Duarte (1995, 2007, 2012, entre outros) de que o PB passou a privilegiar orações com sujeito determinado pronominal explícito também se verifica em estratégias de indeterminação do sujeito. Além de investigarmos o corpus e analisarmos as estratégias de indeterminação do sujeito, comparamos nossos resultados com os resultados reportados por Vargas (2010, 2012), que investigou a indeterminação do sujeito em um corpus de língua escrita para peças de teatro do início da década de 1990. Nosso principal objetivo com a comparação entre essas duas sincronias (década de 1990 e anos 2015-2016) é iniciar o que pode ser uma análise contrastiva para verificar se houve mudança nas estratégias pronominais de referência arbitrária utilizadas para indeterminar o sujeito, além de verificar se há preferência pelo emprego da forma pronominal nula ou preenchida nas estratégias de indeterminação do sujeito em PB nessas duas sincronias. Argumentamos que a entrada de novas formas de indeterminação no sistema gramatical do PB e a preferência pelo uso de formas plenas dos pronomes de referência arbitrária (como mostraremos) são indícios da mudança pela qual o PB vem passando no que diz respeito ao favorecimento do sujeito expresso em detrimento do sujeito nulo. Relacionamos nossos achados empíricos ao efeito cascata de mudança já antecipado por Labov (2008), em que mudanças no quadro pronominal do PB, em especial aquelas que foram se estabelecendo a partir da metade do século XX, afetam diferentes aspectos da gramática da língua, tal como as estratégias de indeterminação do sujeito.
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