Máquina de atualizar o tempo:
usos políticos do passado do sertão no mundo contemporâneo
Resumo
Existem passados que são bastante atualizados, sobretudo em contextos de comemoração, quando alguns acontecimentos figuram centralmente em pautas do debate público. A proposta deste artigo é refletir sobre usos políticos do passado do sertão em “era da comemoração” no mundo contemporâneo que emerge no final do século XX. A partir da metáfora da comemoração como máquina de atualizar o tempo, a discussão é estruturada em três partes que se entrecruzam entres jogos de escalas locais e globais. A primeira apresenta marcas de tempos comemorativos no presente, ressaltando aspectos de eventos, marcos e (des)construções da memória. A segunda aprofunda reflexão sobre tempos do sertão nordestino brasileiro, com atenção a releituras do cangaço, a fim de destacar traços de patrimônios culturais reivindicados, dissonantes e contestados. A terceira analisa estes tempos propensos às reavaliações em cenário específico, pautando situações de convergências, divergências e (con)fusões da memória. Com base em debates pertinentes para a história do tempo presente, a contribuição epistêmica do trabalho é suscitar questões que dão a ver distintos mecanismos para lidar com o passado no presente. Daí surgem notas sobre o valor heurístico que elas podem ter para a pesquisa histórica.
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