Epidemias no Minho entre o século XIX e as duas primeiras décadas do século XX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.29.22410

Palavras-chave:

Minho, Doenças, Epidemias, Higiene, Hospitais

Resumo

Com o presente artigo, pretendemos apresentar os resultados de investigação sobre as doenças e epidemias que assolaram Portugal e, em particular, a região que faz fronteira com a província espanhola da Galiza: o Minho. Para o efeito, debruçámo-nos sobretudo sobre os relatórios médicos e a imprensa local. Ao longo do século XIX e das primeiras décadas do século XX, foram várias as doenças que trouxeram a morte e a miséria às populações minhotas, nomeadamente a cólera, a varíola, o tifo e a gripe pneumónica. Paralelamente, a pobreza, a falta de cuidados de higiene e as precárias condições de vida da população em geral, entre outros fatores, desencadearam o aparecimento e a propagação de todo o tipo de doenças. Para as combater e evitar o seu agravamento, foram adoptadas várias medidas pelas autoridades sanitárias e administrativas; no entanto, nem sempre foram bem aceites pela população, pois prejudicavam a sua subsistência e estilo de vida.

Biografia do Autor

Alexandra Esteves , Universidade do Minho

Alexandra Esteves é doutorada em História Contemporânea e professora auxiliar com agregação do Departamento de História da Universidade do Minho, na qual também exerce as funções de diretora do Mestrado em Património Cultural e de vice-presidente para a Investigação do Instituto de Ciências Sociais. É, ainda, investigadora integrada do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT) do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, onde coordena o grupo Lands, e investigadora colaboradora do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da Universidade Católica Portuguesa. Nos últimos anos, a sua atividade investigativa tem incidido sobre matérias que se inserem nas áreas da História Social (saúde, doença, assistência, marginalidade, violência, prisões), e da História do Turismo, incluindo questões relacionadas com o lazer e as sociabilidades, entre os séculos XVIII e XX.

Sílvia Pinto, Universidade do Minho

Sílvia Pinto é licenciada em História e Mestre em Património e Turismo Cultural pela Universidade do Minho, grau obtido em 2017 com a dissertação intitulada A dimensão patrimonial e cultural da Sociedade Martins Sarmento (Guimarães) analisada a partir da imprensa periódica vimaranense. Possui experiência na área da investigação histórica através de um estágio profissional na Sociedade Martins Sarmento. Em 2021 ingressou no Doutoramento em História com o projeto financiado pela FCT, designado Espaços, sociabilidades e lazer no Baixo Minho (1850-1933). Tem publicado artigos, capítulo de livro, e participado em congressos com temáticas ligadas à história das sociabilidades das epidemias, saúde pública e ainda sobre património documental

Referências

ALMEIDA, Eurico de. O tabardilho em Braga. Lisboa, Tipografia Belenense, 1920.

Anuário Estatístico de Portugal. Ano de 1919, (1924).

ALMEIDA, Maria Antónia. A epidemia de cólera de 1853-1856 na imprensa portuguesa. In História, Ciências, Saúde – Manguinhos. 2012,18, nº4.

ANDRADE, Carlos Alberto Salgado de. Ligeira contribuição para o estudo da Raiva em Portuga. Porto, Imprensa Comercial, 1901.

BARROS, Flávio Norberto de. A inutilidade dos cordões sanitários. Porto, Imprensa Portuguesa, 1875.

CARVALHO, José Rodrigues de. Chorographia palustre de Portugal. Porto, Typ. a Vapor da Real Officina de S. José, 1899.

CHASE, Marylin. The barbary plague – The Black death in victorian San Francisco Nova Iorque, Random House, 2004.

COELHO, Carlos Alberto. A peste do Porto de 1899. Porto, Imprensa Portuguesa, 1900.

COHN, Samuel. Epidemics: Hate and Compassion from the plague of Athens to AIDS. Oxford, Oxford University Press, 2018.

Conselho de Saúde Pública do Reino, Breve Relatório da Cólera Morbus em Portugal, nos anos de 1853 e 1854, Lisboa, Tipografia Universal, 1855, pp. 12-13.

DURÁN Herrera, Antonia, “La Pandemia de gripe em la provincia de Badajoz”. In A Gripe Espanhola de 1918. Guimarães, Casa de Sarmento-Centro de Estudos do Património, Universidade do Minho, 2020, pp. 277-320.

ESTEVES, Alexandra. A cólera no norte de Portugal de oitocentos: medos, providências e protagonistas". In Borges, Julio Hernandez; Lop, Domingos Gonzaléz (Ed.). Antiguos e nuevos desafios. Santiago de Compostela, Alvarellos Editora, 2017.

ESTEVES, Alexandra. A pneumónica no norte de Portugal: impacto e medidas. In Esteves, Alexandra (Coord.). Sociedade e pobreza: mecanismos e práticas assistenciais (séculos XVII-XX). Vila Nova de Famalicão, Húmus, 2018.

ESTEVES, Alexandra and PINTO, Sílvia. A pneumónica em Portugal. A construção de uma memória. In Revista Mundos do Trabalho 2020, nº12.

FARIA, João Lopes. Efemérides Vimaranenses. Guimarães, Sociedade Martins Sarmento, 1833.

FERRERO, Sara Garcia. ‘La gripe de 1889-1890 em Madrid’. Phd dissertation. Universidade Complutense, Madrid, 2018.

GARNEL, Maria Rita, “Portugal e as conferências sanitárias internacionais (Em torno das epidemias oitocentistas de cholera-morbus”. In Revista de História da Sociedade e da Cultura, 2009, nº9.

GUIMARÃES, Luís José de Pina. Vimaranes. Materiais para a História da Medicina Portuguesa. Porto, Araújo & Sobrinho, 1929.

HARDY, Anne. The Epidemic Streets: Infectious Diseases and the rise of preventive medicine 1856-1900), Oxford, Oxford University Press, 1993.

JORGE, Ricardo. Tifo exantemático ou tabardilho. Relatórios apresentados ao Conselho Superior de Higiene, Lisboa: Imprensa Nacional, 1918.

LINDEMANN, Mary. Medicina e Sociedade no Início da Idade Moderna- Novas abordagens da história europeia. Lisboa, Editora Replicação, 2002.

MEIRA, Joaquim José de. “Higiene local”, Revista de Guimarães 1, nº3 (1884): 130-135.

MEIRA, João Monteiro de. O concelho de Guimarães (Estudo de demografia e nosografia). Dissertação Inaugural apresentada à Escola Médico-cirúrgica do Porto. Porto, Typographia a vapor da empresa Gudes, 1907.

MORAIS, David. Tifo epidémico em Portugal: um contributo para o seu conhecimento histórico. Medicina Interna. Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. 2008,15, nº 3.

OXFORD, John. Influenza A pandemics of the 20th century with special reference to 1918; virology, pathology and epidemiology. In Medical Virology, 2000, 10.

RIBEIRO, Eurico Taxa. O Typho exanthematico: breve estudo, Porto: Imp. C. Vasconcellos, 1906.

ROSENBERG, Charles. The Cholera Years: The United States in 1832, 1849 and 1866 Chicago and London, The University of Chicago Press, 1987.

SNOWDEN, Frank M. Epidemics and Society. From the black death to the present Yale, Yale University Press, 2020.

SPINNEY, Laura. El jinete pálido. 1918: la epidemia que cambió el mundo. Barcelona: Editorial Planeta, 2018.

The Municipal Archives of Monção (hereinafter AMM), Livro do copiador de correspondência da administração do concelho de Monção para várias autoridades, 1906-1907-1908.

VIEIRA, Ismael Cerqueira. Conhecer, Tratar e Combater a "Peste Branca". A Tisiologia e a luta contra a tuberculose em Portugal (1853-1975). Porto, Edições Afrontamento/CITCEM, 2016.

WEINDLING, Paul. Epidemics and genocide in Eastern Europe, 1890-1945. Oxford, Oxford University Press, 2011.

Press:

Comércio do Minho: 1881, 1878, 1899, 1918, 1919.

Echo de Guimarães: 1900.

Religião e Pátria: 1889, 1890.

Comércio de Guimarães: 1889, 1890, 1918, 1919.

A Estrela de Caminha: 1884.

Gil Vicente: 1919.

A Cidade:1919.

A Aurora do Lima: 1856.

Publicado

2024-03-15

Como Citar

ESTEVES , A. .; PINTO, S. Epidemias no Minho entre o século XIX e as duas primeiras décadas do século XX. Revista de História Regional, [S. l.], v. 29, 2024. DOI: 10.5212/Rev.Hist.Reg.v.29.22410. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/22410. Acesso em: 2 dez. 2024.