Aspectos da ontologia ribeirinha na ilha Saracá, município de Limoeiro do Ajuru (PA)
DOI:
https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.23987Palavras-chave:
Sistemas ontológicos; comunidades ribeirinhas; Amazônia.Resumo
Os pescadores ribeirinhos da ilha Saracá, localizada no município de Limoeiro do Ajuru, no estado do Pará, interpretam o mundo em que vivem como também coabitado por seres humanos de diferentes corporeidades. Estes seres se revelam quando querem e na forma que desejam. Neste artigo buscamos compreender as relações estabelecidas entre estes dois conjuntos de seres que habitam a mesma ilha, utilizam os mesmos rios, pisam no mesmo chão, nas mesmas folhas, enxergam as mesmas árvores e que vivem “vidas” que se entrelaçam. Nossas análises se baseiam em um vasto material de pesquisa que revela a existência desses seres. Seguindo os pressupostos metodológicos da antropologia, apoiamo-nos na autoetnografia e na etnografia. Fizemos entrevistas estruturadas, observações diretas e participantes e registros fotográficos. Os dados sugerem que a ilha Saracá é a morada das visagens, das mizuras, das aparições e de outros seres. Alguns são maus, bons, outros não se sabe ao certo qual é sua índole, pois apenas aparecem sem dizer nada e assim como aparecem, desaparecem. Estas narrativas são importantes, na medida em que agenciam a vida das pessoas, moldando suas decisões, afetando o seu cotidiano.
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