O Açaí na vida da Juventude Amazônica: Interculturalidade, Decolonialidade e Desenvolvimento Local em uma comunidade rural-ribeirinha da Amazônia Paraense
Interculturalidad, Decolonialidad y Desarrollo Local en una Comunidad Rural Ribereña de la Amazonía Paraense
DOI:
https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25.24409Palavras-chave:
Açai, Amazônia Ribeirinha, Decolonialidade, Juventudes, Trabalho ruralResumo
O Brasil, especialmente a região Norte, caracteriza-se por uma grande heterogeneidade nas condições de vida e trabalho dos jovens rurais. Na Amazônia ribeirinha, essa diversidade manifesta-se em diferentes formas de inserção produtiva, acesso limitado a serviços públicos e padrões variados de sociabilidade. A falta de oportunidades de emprego e renda, aliada à ausência de políticas públicas voltadas para a juventude, restringe a capacidade dos jovens de planejar e concretizar projetos de vida. O açaí, fruto de grande relevância econômica e social para a região, demanda uma análise aprofundada de sua cadeia produtiva. A crescente demanda por este produto, sem atenção adequada à segurança e à qualidade de vida das comunidades envolvidas, gera sérios impactos. Este estudo investiga as precárias condições de trabalho dos jovens ribeirinhos na cadeia produtiva do açaí, levando em conta fatores como pobreza rural, educação insuficiente e a ausência de oportunidades para um trabalho digno. A exploração de mão de obra não qualificada, o baixo custo do trabalho, a informalidade e a falta de diálogo social comprometem a cidadania plena desses jovens. A pesquisa, realizada na comunidade do Rio Quianduba, no município de Abaetetuba, Pará, conclui que a extração do açaí impõe riscos e privações que violam direitos básicos dos jovens, os quais não são reconhecidos pelos demais atores da cadeia produtiva nem pelo consumidor final. Essa situação reflete um discurso hegemônico sobre a Amazônia que reforça desigualdades, impactando negativamente a construção da identidade juvenil e a capacidade dos jovens de elaborar projetos de vida que expressem suas subjetividades na contemporaneidade.
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