Os viajantes e a escrita da economia animal no Brasil (Século XIX)
DOI:
https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.25579Palavras-chave:
Viajantes estrangeiros; Tropeirismo; Pecuária; Integração territorialResumo
O artigo analisa a importância da chamada “economia sobre quatro patas” na integração territorial e na vida material do Brasil entre o período colonial e o Império, destacando a centralidade dos animais de carga — mulas, bois e cavalos — na circulação de pessoas, mercadorias e riquezas. A partir de relatos de viajantes estrangeiros como Langsdorff, Luccock, Saint-Hilaire, Spix e Martius, Henderson, Isabelle e Dreys, são examinadas as condições das rotas tropeiras, a dinâmica das feiras de Sorocaba, a estrutura fundiária e pecuária do Rio Grande de São Pedro, além do abastecimento das regiões mineradoras e da Corte no Rio de Janeiro. O estudo evidencia como o tropeirismo estruturou redes comerciais, fortaleceu caminhos e estimulou o surgimento de vilas e cidades, funcionando como elo entre diferentes economias regionais. Ao mesmo tempo, ressalta-se a permanência da dependência animal, revelando a longa duração desse sistema. Os diários dos viajantes, embora permeados por visões eurocêntricas, constituem fontes primárias fundamentais para compreender a circulação interna de animais, suas implicações econômicas e sociais e o processo de integração do sul pastoril ao restante do território brasileiro.
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