Movimento Sanitário Ampliado: Pluralidade de Atores e Construção da Reforma da Saúde no Brasil (1970-1980)

Conteúdo do artigo principal

Tiago Siqueira Reis
https://orcid.org/0000-0001-9115-1231

Resumo

 O presente estudo propõe-se a examinar a construção do movimento sanitário no contexto da reforma sanitária brasileira nas décadas de 1970 e 1980, questionando a centralidade atribuída às entidades Cebes e Abrasco como protagonistas exclusivas desse processo. A investigação baseou-se na revisão da literatura especializada e na análise de documentos institucionais e históricos,
incluindo publicações acadêmicas, relatórios oficiais, anais de conferências e registros de movimentos sociais. O estudo parte da hipótese de que o movimento sanitário se constituiu como um fenômeno plural e heterogêneo, formado por diversos atores sociais e por diferentes formas de organização, ultrapassando a narrativa dominante centrada na institucionalização. Os resultados indicam
que, além do papel relevante desempenhado por Cebes e Abrasco, outros sujeitos — como movimentos populares, entidades comunitárias, setores sindicais e religiosos — atuaram ativamente na formulação de propostas e na mobilização em favor de um sistema público de saúde. Conclui-se que é necessária a ampliação do conceito de movimento sanitário, incorporando múltiplas vozes e experiências históricas que contribuíram para a constituição do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
SIQUEIRA REIS, T. . Movimento Sanitário Ampliado: Pluralidade de Atores e Construção da Reforma da Saúde no Brasil (1970-1980). Emancipação, Ponta Grossa - PR, Brasil., v. 25, p. 1–13, 2025. DOI: 10.5212/Emancipacao.v.25.2523087.036. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/emancipacao/article/view/23087. Acesso em: 6 dez. 2025.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Tiago Siqueira Reis, Universidade Federal de Roraima

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em História pela Universidade Nova de Lisboa/Portugal. Professor no curso de Licenciatura Intercultural pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). E-mail: siqueira.treis@gmail.com

Referências

ALBUQUERQUE, Paulette Cavalcanti de. Planejamento e Participação popular em saúde: o caso de Duque de Caxias. Dissertação de Mestrado (Saúde Coletiva) - Pós-graduação em Saúde Coletiva, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1994.

BRAVO, Maria Inês Souza. Serviço Social e Reforma Sanitária: Lutas Sociais e Práticas Profissionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório final: VIII Conferência Nacional de Saúde. Brasília, 1986

BRASIL. Ministério da Saúde. Anais: VIII Conferência Nacional de Saúde. Brasília, 1987.

CEBES. Crise e crescimento. Saúde em Debate. São Paulo: Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, n. 5, v. 1, pp. 63-64, 1977.

COELHO, Eurelino. Uma esquerda para o capital: Crise do marxismo e mudanças nos projetos políticos dos grupos dirigentes do PT (1979-1998). Tese de Doutorado (História) – Pós-Graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2005.

CORDEIRO, Hesio; FlORI, José Luís; GUIMARÃES, Reinaldo. A questão democrática na área de saúde: proposta para um debate. Rio de Janeiro, 1979. (Mimeo)

DOIMO, Ana Maria; RODRIGUES, Marta Maria Assumpção. A formulação da nova política de saúde no Brasil em tempos de democratização: entre uma conduta estatista e uma concepção societal da atuação política. Política & Sociedade. Florianópolis. v. 3, n. 3, pp. 95-115, 2003.

ESCOREL, Sarah. Reviravolta na Saúde: Origem e articulação do movimento sanitário. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1998.

ESCOREL, Sarah; BLOCH, Renata Arruda de. As conferências nacionais em saúde na construção do SUS. In: LIMA, Nísia Trindade; GERSCHMAN, Silvia; EDLER, Flávio Coelho; SUÁREZ, Julio Manuel (org.). Saúde e Democracia: História e Perspectivas do SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005, pp. 83-119.

FALEIROS, Vicente de Paula. et al. A construção do SUS: histórias da reforma sanitária e do processo participativo. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

FERRAZ, Ana Targina Rodrigues. Impactos da experiência conselhista sobre as atividades políticas e organizativas dos movimentos sociais na saúde: o caso do movimento popular de saúde de Campinas/São Paulo. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2005.

FLEURY, Sônia. A questão Democrática na Saúde. In: Sonia Fleury. (Org.). Saúde e Democracia: a Luta do Cebes. São Paulo: Lemos, 1997, pp. 25-44.

FLEURY, Sônia. Política de saúde na transição conservadora. Saúde em Debate. Revista do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, n. 26, v. 1, pp. 42-53, 1989.

FLEURY, Sônia (org.). Reforma Sanitária: em busca de uma teoria. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

FLEURY, Sônia. Reforma sanitária brasileira: dilemas entre o instituinte e o instituído. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n, 1, pp. 743-752, 2009.

FLEURY, Sônia.. Reforma Sanitária: em busca de uma teoria. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

FLEURY, Sônia. O dilema reformista na reforma sanitária brasileira. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n.4, pp. 94-115, 1987.

FONTES, Virgínia. O Brasil e o capital-imperialismo: teoria e história. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2010.

GRAMSCI. Antonio. Cadernos do Cárcere. Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 8ª Edição, 2015.

JACOBI, Pedro. Movimentos sociais e políticas públicas: demandas por saneamento básico e saúde – São Paulo 1974-84. São Paulo: Editora Cortez, 1993

MATTOS, Marcelo Badaró. A classe trabalhadora: de Marx ao nosso tempo. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2019.

REIS, Tiago Siqueira. Cebes, Abrasco e o público-privado na saúde pública brasileira (1976-2002). 2022. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2022.

REIS, Tiago Siqueira. O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva: a questão da estatização da saúde na reforma sanitária brasileira, 1976-1988. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 31, p. 1-18, 2024.

SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-80. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

SMEKE, Elizabeth de Leone Monteiro. Saúde e democracia, experiência de gestão popular: um estudo de caso. 1989, Tese de Doutorado (Saúde Coletiva) - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1989.

THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em Comum: Estudos sobre a Cultura Popular Tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.