Pós-Modernismo de Resistência e o Terrorismo Midiático na América Latina
Abstract
O presente artigo trata da interface Comunicação e Política cujo segmento de realidade a ser observado é o panorama atual latino-americano diante do papel da imprensa, enquanto intérprete de movimentos políticos e sociais a partir da atual pauta de debate a respeito do enfrentamento ao imperialismo noticioso, tema de destaque no Encuentro Latinoamericano contra el Terrorismo Mediático (Caracas, 27 a 30 de março de 2008), onde se discutiu a função de ingerência política que a imprensa, historicamente, vem desempenhando no sentido de estimular a construção do imaginário coletivo para a desestruturação de sistemas de governo discordantes da política neoliberal. Como objeto de estudo para esta análise selecionou-se o telejornal denominado TeleSUR, que é o primeiro canal multi-estatal Latino-Americano mantido por quatro governos: Venezuela, Argentina, Cuba e Uruguai. Criado em 2005 e veiculado no Brasil desde março de 2008, esta nova mídia difunde sua missão como sendo a de desenvolver “um novo paradigma comunicacional” para a América Latina: "Es el primer intento contra hegemónico que hay en América Latina a nivel masivo, a ver si comenzamos a desalambrar el latifundio mediático, pero recién cortamos el primer pedacito de alambre, y de aquí a democratizar esto quedan siglos"”. (AHARONIAM apud TELESUR, 2008). Como contraponto, analisarei o que foi veiculado pela CNN espanhol, partindo da premissa relacionada à hegemonia midiática que ambos telejornais disputam. O corpus do trabalho será análise do discurso a respeito da noticia sobre a invasão da Colômbia ao Equador, um momento midiático relevante para o jornalismo regional em 2008. As diferenças encontradas a partir desta comparação embasam o debate a respeito da ingerência política desempenhada pela imprensa. O território da comunicação delimitado, enquanto elemento interacional, é a “construção” do espectador elaborado pelo próprio teor dos programas dos noticiosos. Decorrente desta afirmação, num primeiro momento, este artigo propõe uma reflexão relacionando a teoria do pós-modernismo de resistência às notícias veiculadas no objeto de estudo escolhido, considerado de relevância para a mídia regional. Considerando que os modos pelos quais o advento de uma nova mídia pode alterar as interações sociais e a estrutura social em geral, a premissa, parte do pressuposto que o objeto de pesquisa representa um diferencial noticioso na América Latina e, no decorrer do trabalho serão analisadas as características dessa diferencialidade. Dada essa distinção política, expressa, nos telejornais, é possível então se perguntar: como essa diferença relacionada "de partida", entre ambos, se realiza efetivamente? A motivação para a comparação: o ponto de vista "americano" da CNN sobre a América Latina; versus a proposta crítica e "interna" latino-americana da TeleSUR se fundamenta no desejo de desenvolver descobertas a respeito desta iniciativa multi-estatal mantenedora de uma mídia geradora de sentidos. Não pretendo julgar intenções a favor de um nacionalismo totalitario ou pensamento revolucionário para America Latina mas levantar dados sobre suas representações comunicacionais. Nessa visão será aplicado o conceito sobre hegemonia segundo pensamento de Gramsci. Neste ensaio será apresentada a proposta teórica do pós-modernismo de resistência de Peter MacLaren relacionando-as à contra-hegemonia e o discurso que, propondo-se a estudar a linguagem como prática social, considera crucial o papel do contexto. Esse tipo de análise se interessa pela relação que há entre a linguagem e o poder, das relações de dominação, discriminação, poder e controle, na forma como elas se manifestam através da linguagem (WODAK, 2003). Palavras-chave: Jornalismo latino-americano; pós-modernismo de resistência; imperialismo noticioso; TeleSur.Downloads
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