Eugenismo, Higienismo e Racismo em Portugal na primeira metade do século XX
DOI:
https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.29.23742Palavras-chave:
Eugenismo, Higienismo, Racismo, Modernização, ColonialismoResumo
Com este artigo pretendemos destacar a influência e divulgação das conceções higienistas, eugenistas e racistas na sociedade portuguesa na primeira metade do século XX. A perspetiva eugenista galtoniana não só era conhecida em Portugal, como teve impacto nas elites intelectuais, universitárias e médicas. No entanto, as teorias e práticas eugenistas nunca foram suficientemente fortes para se terem traduzido, como aconteceu noutros países europeus, na institucionalização de medidas eugénicas radicais. A tradição higienista, a oposição católica e a reduzida aceitação da eugenia nos círculos liberais conservadores e progressistas de Portugal acabaram por condicionar a receção das teorias e práticas eugénicas no país. Esta realidade, semelhante, em muitos aspetos, ao que se verificou noutros países latinos de origem católica, tem, no entanto, algumas características específicas que exigem explicação. Em particular, as singularidades das relações entre a ciência, sociedade e projetos políticos em presença no momento da receção dos diferentes modelos de eugenia. A metodologia utilizada foi essencialmente analítico-bibliográfica.
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