Panorama do trabalho rural na cafeicultura de montanha
DOI:
https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.30.24193Palavras-chave:
Cafeicultura, Informalidade, Migrante, Minas Gerais, Trabalhador ruralResumo
O artigo configura o trabalho rural no panorama do agronegócio cafeeiro sul-mineiro. A cafeicultura de montanha responde por mais de 32% da produção nacional de café arábica e apresenta uma dinâmica produtiva fortemente atrelada aos interesses do mercado internacional. Considerados os óbices topográficos à mecanização, destaca-se a elevada densidade de trabalho, sobretudo na operação da colheita, com arregimentação, na cafeicultura de grande escala e patronal, de elevado contingente de trabalhadores temporários, os apanhadores. Na seara das relações trabalhistas predominam a informalidade, a precariedade, a itinerância, a intermitência e a vulnerabilidade, com repetidas denúncias e comprovações de relações de trabalho análogo à escravidão. Fundamentado em bibliografia específica e regional, o texto apresenta três seções, além da introdução e da conclusão: num primeiro momento, expõe informações elucidativas sobre a espacialização produtiva cafeeira e a caracterização da zona produtiva do Sul de Minas Gerais; na sequência, focaliza a configuração do trabalho rural na cafeicultura local e; posteriormente, atenta para a ocorrência de trabalho análogo à escravidão e recorrência ao trabalhador migrante.
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