“Na verdade, o oceano é para o marítimo, ao mesmo tempo, berço e tumba, oficina e mesa de refeição, descanso e distração, vida e morte”: a criação da Confraria de Bom Jesus de Faro, Portugal

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Resumo

É inquestionável a importância do mar para a História de Portugal ao longo dos séculos. Através do mar foi feita a circulação humana e de bens materiais, através do mar foram conquistados territórios e um império foi expandindo-se. Igualmente importante era a figura dos homens do mar, muitas vezes chamados de mareantes. Seja nas guerras de conquista ou na faina do pescado os mareantes tiveram uma representatividade fundamental na presença portuguesa no mundo. Contudo, o mar que garantia para o mareante a sua subsistência, também lhe tirava a vida. Cientes da brevidade da vida para quem trabalha no mar em muitas comunidades de mareantes foram criadas confrarias laicas cujo objetivo era apoiar material e espiritualmente os seus membros. A Confraria de Bom Jesus de Faro nasceu, no século XV, dessa consciência. A partir de um regimento, também conhecido por compromisso, os mareantes de Faro (entenda-se aqui tanto os pescadores como demais profissionais cujas atividades estivessem relacionadas ao mar) buscavam apoio mútuo nos momentos de necessidade, morte ou invalidez de um associado. Na elaboração deste artigo utilizamos os livros de privilégios da confraria que consistem, essencialmente, dos direitos atribuídos pelos monarcas aos mareantes. A partir da sua análise possível perceber a maneira como os mareantes estavam organizados, assim como os laços de sociabilidade e solidariedade criados entre eles.

Palavras-chave: 1. História Regional; 2. Confrarias; 3. Algarve; 4. Mareantes; 5. Século XV

Biografia do Autor

Ana Luiza de Castro Pereira Gomes, CHAM/FCSH-UNL/UA

Ana Luiza de Castro Pereira Gomes é licenciada e Bacharel em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil). É Mestre em História Social e da Cultura pela Universidade Federal de Minas Gerais onde defendeu a dissertação de Mestrado (2004) intitulada “O Sangue, a palavra e a lei: faces da ilegitimidade na Vila de Sabará (1713-1770)”. É Doutora em História pela Universidade do Minho, em Braga, onde defendeu a Tese de Doutoramento intitulada “Unidos pelo sangue, separados pela lei: família e ilegitimidade no Império Português, 1700-1799”, em 2010. Desde 2011 compõe o corpo de investigadores integrados no Centro de Humanidades (CHAM) da Universidade Nova de Lisboa em Portugal onde desenvolveu (entre 2011 e 2017) o projeto de Pós-Doutoramento "Entre os Senhores da casa e os familiares...': secretários, criados e servidores das embaixadas portuguesas em Londres e em Paris (1640-1815)". Atualmente, é investigadora contratada na UNL onde desenvolve dois projetos de investigação: “Sendo as utilidades que resultão aos Meus Vassallos da actividade do Commercio e do augmenta da Navegação hum dos principaes objectos da Minha Real Attenção”: as Confrarias do Corpo Santo do Algarve (Faro, Olhão, Portimão e Lagos) e Entre a sobriedade portuguesa e o luxo das cortes europeias: os embaixadores portugueses e a circulação da cultura ilustrada.

Referências

Ana Luiza de Castro Pereira Gomes é licenciada e Bacharel em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil). É Mestre em História Social e da Cultura pela Universidade Federal de Minas Gerais onde defendeu a dissertação de Mestrado (2004) intitulada “O Sangue, a palavra e a lei: faces da ilegitimidade na Vila de Sabará (1713-1770)”. É Doutora em História pela Universidade do Minho, em Braga, onde defendeu a Tese de Doutoramento intitulada “Unidos pelo sangue, separados pela lei: família e ilegitimidade no Império Português, 1700-1799”, em 2010. Desde 2011 compõe o corpo de investigadores integrados no Centro de Humanidades (CHAM) da Universidade Nova de Lisboa em Portugal onde desenvolveu (entre 2011 e 2017) o projeto de Pós-Doutoramento "Entre os Senhores da casa e os familiares...': secretários, criados e servidores das embaixadas portuguesas em Londres e em Paris (1640-1815)". Atualmente, é investigadora contratada na UNL onde desenvolve dois projetos de investigação: “Sendo as utilidades que resultão aos Meus Vassallos da actividade do Commercio e do augmenta da Navegação hum dos principaes objectos da Minha Real Attenção”: as Confrarias do Corpo Santo do Algarve (Faro, Olhão, Portimão e Lagos) e Entre a sobriedade portuguesa e o luxo das cortes europeias: os embaixadores portugueses e a circulação da cultura ilustrada.

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Publicado

2022-11-07

Como Citar

GOMES, A. L. de C. P. “Na verdade, o oceano é para o marítimo, ao mesmo tempo, berço e tumba, oficina e mesa de refeição, descanso e distração, vida e morte”: a criação da Confraria de Bom Jesus de Faro, Portugal. Revista de História Regional, [S. l.], v. 27, n. 02, 2022. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/19898. Acesso em: 28 mar. 2024.