Estado e conflitos pela terra no Brasil: o caso do confronto entre Araupel e o Movimento Sem Terra (MST)
DOI:
https://doi.org/10.5212/Rev.Hist.Reg.v.29.23310Palavras-chave:
Conflito pela Terra, Movimento Sem Terra (MST), Política de Terras, Estado, AraupelResumo
Resumo: Este artigo tem como objetivo compreender as diferentes posições políticas desempenhadas pelo Estado na dinâmica do conflito pela terra entre a Araupel e o Movimento Sem Terra (MST). Foram investigados sete processos cíveis disponibilizados no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), cujo material foi analisado por meio da metodologia de Bardin (1977) e Silva e Silva (2016). Para compreensão da temporalidade das ações entre os agentes envolvidos no conflito foi utilizada a técnica de elaboração de linha do tempo. Os resultados encontrados evidenciam que num primeiro momento o conflito era mediado por agentes da esfera local com apoio das elites regionais. Posteriormente, com a entrada do INCRA no conflito pelas terras em um contexto de transformação de políticas fundiárias, as relações de forças entre a empresa e os movimentos sociais foram alteradas, possibilitando uma resolução dos conflitos com a implantação dos assentamentos rurais na área.
Palavras-chave: Conflito pela Terra, Movimento Sem Terra (MST), Política de Terras, Estado, Araupel.
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