O SHOW DO EU: A INTIMIDADE COMO ESPETÁCULO
Palabras clave:
ciberespaço, intimidade, espetáculo e contemporâneoResumen
RESENHA
O show do eu: a intimidade como espetáculo
SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, 286p.
Contemporaneamente, a megalomania e a excentricidade qualificadas, na modernidade como doença mental ou desvio patológico daquilo que se valorizava como “normalidade” exemplar, não desfruta da mesma demonização. Sibília trata nessa obra da exibição da intimidade na internet nos primórdios do século XXI. Nesse chamado ciberespaço circulam mensagens que buscam convencer a você, a mim e a todos nós, de que somos seres com potenciais para transformar a era da informação. Pessoas comuns que podem modificar as artes, a política e o comércio e, até mesmo, a maneira de se perceberem no mundo. Chegou a hora dos amadores. Você é o protagonista!!!!!!
Será que estamos sofrendo um surto de megalomania consentida e até estimulada? O que implica esse súbito resgate do pequeno e do ordinário, do cotidiano e das pessoas “comuns”?
A capacidade de criação é continuamente capturada, tanto na internet como fora dela, pelos tentáculos do mercado, transformando as forças vitais em mercadorias. As redes digitais de comunicação tecem seus fios ao redor do planeta. Tudo muda vertiginosamente. E o futuro promete muitas outras metamorfoses.
Nesse novo formato a comunicação mediada pelo computador possui rituais dos mais variados (correio eletrônico, MSN, Yahoo Messenger, Orkut, MySpace, You Tube, FaceBook entre outros tantos), os diários íntimos como blogs, weblogs, fotologs e videologs, apresentam-se como outra vertente de modelo “confessional”, cuja origem etimológica remete-nos aos diários de bordo mantidos pelos navegantes de outrora. Não nos esquecendo dos diários manuscritos, trancados a sete chaves e que hoje, expõem a intimidade nas vitrines globais da rede.
Como afrontar esse novo universo?
A atualidade demonstra insistentemente que tudo aquilo que aspira grandeza resulta invariavelmente pequeno. A verdadeira megalomania e a maior das excentricidades encontrarão no seu caminho uma resistência, singela, de aparência humilde, mas com força de olhar no olho as tiranias da exposição, que engole tudo, vomitando o espetáculo. O indizível e o imostrável, riquezas singelas e latentes, são formas de criação entre outras, que carregam a potência de burlar os imperativos do exponível, do comunicável e do vendável. Talvez seja possível com esses achados gerar curtos-circuitos, faíscas capazes de implodir essa massa densa de autocelebração e, dessa maneira, abrir espaços do pensável e possível e quiçá a criação de novas formas de ser e estar no mundo. É provocação para você, para mim e para todos nós. Quem sabe o fato de sermos eleitos as personalidades da atualidade, possa se transformar numa boa notícia? O movimento é sempre de indagarmos sobre o que pretendemos fazer com isso. A inquietação está posta, os espaços podemos criar, as possibilidades estão abertas e, o novo, clama por novas maneiras de pensar.
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