Planejamento e orçamento das políticas públicas para o desenvolvimento das comunidades quilombolas
uma análise sobre o Programa Promoção da Igualdade Racial e Superação do Racismo
DOI:
https://doi.org/10.5212/RIF.v.21.i46.0008Palavras-chave:
Comunidade quilombola;, Plano Plurianual;, Orçamento;, Planejamento;, Desenvolvimento Regional.Resumo
Para o desenvolvimento das sociedades tradicionais, em especial das comunidades quilombolas, em função de suas próprias necessidades e particularidades é importante a participação do poder público. Assim, políticas públicas específicas e alinhadas com suas realidades, são importantes instrumentos para promoção do desenvolvimento socioeconômico local. Com objetivo de identificar e de analisar a participação do governo federal no planejamento e na execução dessas políticas, o presente trabalho dedicou-se a analisar o Programa de Promoção de Igualdade Racial e Superação do Racismo, sob responsabilidade Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, no Plano Plurianual 2016-2019. A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa documental, na qual se buscou, além compreender os conceitos de temas ligados às comunidades, como desenvolvimento, território, etnodesenvolvimento, o estudo do planejamento e da alocação orçamentária para efetivar a política de igualdade racial, no âmbito federal, durante o período do PPA 2016-2019. Os resultados demonstraram que o planejamento contemplou duas ações voltadas para o desenvolvimento local dessas comunidades. Além disso, verificou-se que os valores previstos no PPA não foram alocados em sua totalidade na Lei Orçamentária Anual – LOA, o que comprometeu sua execução. Ao final, a pesquisa constatou que, apesar de ter sido elevada à condição de política de Estado, com dotação orçamentária própria e haver no planejamento o reconhecimento das diferenças culturais e a previsão de redistribuição de riquezas a execução não se mostrou adequada para garantir às comunidades quilombolas o desenvolvimento necessário para não mais dependerem de políticas paternalistas.
Referências
ÁVILA, Carlos Alberto de. Orçamento público. 2016. Disponível em: http://Proedu.Rnp.Br/ Bitstream/Handle/123456789/752/1a_Disciplina_-_Orcamento_Publico.pdf?sequence=1. Acesso em: 08 abr. 2021.
AZEVEDO, José Sérgio Gabrielli de. Incertezas e submissão?, Fundação Perseu Abramo, 2019.
BATALLA, Guillermo B. Etnodesarrollo: sus premisas jurídicas, políticas y de organización. America Latina: Etnodesarrollo y Etnocídio. San José: Ediciones FLACSO, 1982.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal: Ed. 70. 2009.
BLANCO, Jorge Polo; AGUIAR, Eleder Piñeiro. El Buen Viver como discurso contrahegemónico. Postdesarrollo, indigenismo y naturaleza desde la visión andina. Mana, v. 26, n.1, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1670-49442020v26n1a05.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 28/02/2020.
BRASIL. Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4887. Acesso em: 28/02/2020.
BRASIL. Decreto nº 5.051/200, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2004/decreto/d5051. Acesso em: 28/02/2020
BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/lei/l12288.htm. Acesso em 28/12/2020.
BRASIL. Lei nº 13.249, de 13 de janeiro de 2016. Institui o Plano Plurianual da União para o período de 2016 a 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13249.htm. Acesso em:28/12/2020.
BRASIL. Lei nº 13.971, de 27 de dezembro de 2019. Institui o Plano Plurianual da União para o período de 2020 a 2023. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13971.htm. Acesso em 31/01/2021.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP). Secretaria de Planejamento e Assuntos Econômicos (SEPLAN). 2018. Disponível em: https://bibliotecadigital.seplan.planejamento.gov.br/bitstream/handle/123456789/108 7/guia_indicadores_PPA%282%29.PDF?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 27/12/2010.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2012). Espelho de Avaliação 2012 - Agenda: Igualdade Racial, Comunidades Quilombolas e Povos e Comunidades Tradicionais. Brasília, DF
BRANDÃO, C. A. Território e Desenvolvimento: as múltiplas escalas entre o local e o global. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.
BRANDÃO, Carlos. Desenvolvimento nacional, políticas regionais e o poder de decisão segundo Celso Furtado. Cadernos do Desenvolvimento, Unicamp, Campinas , v. 5, n. 7, 2018. p. 101-115.
CARDOSO JR, José Celso. Desmonte do Estado no governo Bolsonaro: menos república, menos democracia e menos desenvolvimento. Incertezas e Submissão?, 2019. p. 151.
CONRADO, Mônica Prates. A questão racial no Brasil sob a perspectiva de Gilberto Freyre e Florestan Fernandes. Humanitas, v. 20, n. 1/2, 2004. p. 83-98.
DALLABRIDA, Valdir Roque et al. Governança nos territórios ou governança territorial: distância entre concepções teóricas e a prática. Revista Grifos, v. 25, n. 40, 2016. p. 43-66.
DA SILVA LIMA, Fernanda; MARTIGNAGO SALEH, Nicole. A Transversalidade nas Políticas Públicas de Igualdade Racial no Município de Criciúma/SC e a Garantia de Direitos de Crianças E Adolescentes Negros. Anais [...] Seminário Internacional Demandas Sociais e Políticas Públicas na Sociedade Contemporânea, 2016.
DOS SANTOS, Danilo Moreira. Os quilombolas e sua inserção nas políticas públicas: subsídios à discussão da política de ATER quilombola. Revista de Políticas Públicas, v. 21, n. 2, 2017. p. 1019-1043.
DYE, T. D. Understanding public policy. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall. 1984
FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de Campo (São Paulo 1991), v. 15, n. 14-15, 2006. p. 231-239.
INESC – INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Nota Técnica “Orçamento Público voltado para as comunidades quilombolas no contexto da pandemia Covid-19”, 2020. Disponível em: https://www.inesc.org.br/orcamento- publico-voltado-para-as-comunidade-quilombolas-no-contexto-da-pandemia-da- covid-19/. Acesso em: 25 jan. 2021.
LEITE, Ilka Boaventura. Quilombos e quilombolas: cidadania ou folclorização?
Horizontes antropológicos, v. 5, n. 10, 1999. p. 123-149.
LEITE, Ilka Boaventura . Os quilombos no Brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica, v. 4, n. 2, 2000. p. 333-354.
LITTLE, Paul E. Etnodesenvolvimento local: autonomia cultural na era do neoliberalismo global. Tellus, n. 3, 2014. p. 33-52.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso. Caminho da identidade: ensaios sobre etnicidade e multiculturalismo. SP: Unesp; Brasília: Paralelo 15, 2006.
PETERS, B. G. American public policy. Chatham, NJ: Chatham House, 1986.
QUINTANS, Mariana Trotta; GAY, Antonia. Movimento Negro e a luta por direitos: a participação na ANC e as conquistas na Constituição Federal brasileira. 2014.
SANTOS, B. S. A gramática do tempo para uma nova cultura política. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, Cláudia Borges Dos. “De fraco a forte”: estratégias políticas dos movimentos quilombolas no Tocantins. 2019. 172 f. il. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
SILVA, Tatiana Dias. Gestão da transversalidade em políticas públicas. Anais [...] XXXV Encontro da ANPAD, 2011, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro/ RJ: Anpad, 2011, p. 1-11.
SEN, Amartya. Desenvolvimento com liberdade. Tradução Laura Teixeira Mota: revisão técnica Ricardo Doninelli Mendes. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, n. 16, 2006. p. 20-45.
STAVENHAGEN, R. Etnodesenvolvimento: uma dimensão ignorada no pensamento desenvolvimentista. Anuário Antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985. p. 13-56.
TEIXEIRA, Tadeu Gomes; SAMPAIO, Camila Alves Machado. Análise orçamentária do Programa Brasil Quilombola no Brasil e no Maranhão: o caso de uma política pública. Revista de Administração Pública, v. 53, n. 2, 2019. p. 461-480.
VERDUM, Ricardo. Etnodesenvolvimento: nova/velha utopia de indigenismo. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2154/1/2006_Ricardo%20Verdum. Acesso em: 30/02/2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Os autores são responsáveis, em qualquer que seja o formato do texto, pelas opiniões expressas ou indiretas presentes em seus respectivos trabalhos, não endossáveis pelo Conselho Editorial e pelos editores da Revista, bem como pela autenticidade do trabalho. Ao publicar trabalhos na Revista Internacional de Folkcomunicação, os autores cedem automaticamente os direitos autorais à publicação para veiculação das produções acadêmicas, sem ônus para a Revista. Os autores detêm os direitos autorais do texto para o caso de publicações posteriores e concedem à Revista Internacional de Folkcomunicação o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta Revista. Por serem publicados em revista de acesso livre, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em atividades educacionais e não-comerciais, sendo permitida a publicação simultânea em repositórios institucionais.