Líderes-folk nas práticas integrativas de saúde

o reconhecimento das benzedeiras no processo de cura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5212/RIF.v.22.i48.0004

Palavras-chave:

Folkcomunicação , Benzedeiras, Patrimônio Imaterial, Políticas Públicas, Saúde Coletiva

Resumo

O presente artigo versa sobre a inserção das tradicionais Benzedeiras nas atividades de saúde oferecidas aos segmentos comunitários, utilizando-se de recursos ancestrais, em conjunto com as ações oficiais de atendimento. Objetiva-se refletir sobre a religiosidade popular e o conhecimento  ancestral com o processo de cura, o papel de líderes de folk neste processo. Ainda objetiva- se avaliar as relações que permeiam a coexistência entre as benzedeiras e o sistema oficial de saúde a partir da análise de algumas experiências de inserção das Benzedeiras em programas oficiais de saúde. Para tanto, foi desenvolvida pesquisa exploratória, com uma abordagem qualitativa, baseada em pesquisa bibliográfica e documental, em livros, periódicos, websites e estudo de ações que já estão em prática em algumas cidades e Estados, valendo-se do método dedutivo. Por derradeiro, constatou-se o reconhecimento do ato de benzer como Patrimônio Imaterial da Cultura, sendo necessário o fortalecimento das políticas públicas de reconhecimento dos saberes e fazeres coletivos das benzedeiras; importante também a validação desses agentes enquanto líderes na transmissão de conhecimentos por meio de suas práticas de benzimento para a saúde   prestados de forma gratuita e solidária à comunidade em geral. A Convivência e Integração entre os métodos tradicionais de cura e os programas oficiais de saúde, permitem um avanço na luta contra as mais variadas formas de repressão e marginalização dos saberes tradicionais de cura, e ainda viabilizando a manutenção e repasse de tais conhecimentos.

Biografia do Autor

Cristina Schmidt, Universidade de Mogi das Cruzes

Pós-doutora em Comunicação para o desenvolvimento regional pela Universidade Metodista de São Paulo/ Cátedra UNESCO. Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), e mestre em Teoria e Ensino da Comunicação pela UMESP (Universidade Metodista de São Paulo).

Thais de Camargo Oliva

Doutoranda em Direito sob a linha de pesquisa Dimensões Instrumentais das Políticas Públicas na Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC , Mestre em Direito da Saúde: Dimensões Individuais e Coletivas, pela Universidade Santa Cecília -UNISANTA (2019), Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2007). Integrante do Grupo de Pesquisa: “Políticas Públicas no Tratamento de Conflitos”, UNISC/CNPq.

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Publicado

2024-07-05

Como Citar

SCHMIDT, C.; DE CAMARGO OLIVA , T. Líderes-folk nas práticas integrativas de saúde: o reconhecimento das benzedeiras no processo de cura. Revista Internacional de Folkcomunicação, [S. l.], v. 22, n. 48, p. 72–92, 2024. DOI: 10.5212/RIF.v.22.i48.0004. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/folkcom/article/view/23497. Acesso em: 22 jul. 2024.