JUBILEU DE OURO - 1974

Quando, no dia 27 de fevereiro de 1924, às dezesseis horas, num dia ensolarado, de céu muito azul, tarde linda como sabem ser as tardes princesinas nesta quadra do ano perfilavam-se, em fila indiana, ladeando a entrada, desde os portões até a escadaria de acesso ao prédio, verdadeiro palácio na paisagem rústica, de uma praça entrecortada de caminhos que desviavam árvores e arbustos silvestres ou ladeavam pequenas lagoas que as chuvas formavam nas depressões do campo, as futuras alunas da escola, que dentro em pouco seria inaugurada, portando pétalas coloridas com as quais saudariam as autoridades; estavam risonhas, felizes, e jamais poderiam pensar, que 50 anos mais tarde, muitas delas viriam, num encontro inolvidável, comemorar o Jubileu de Ouro da escola que tão festivamente era entregue a Ponta Grossa e ao Paraná.

No encontro de hoje, frontes encanecidas, hão de rever colegas diletas que a vida e o tempo afastaram, mas que um mesmo ideal irmanou mais ainda.

E surgiram as reminiscências: Ponta Grossa não teria mais que 20 mil habitantes, número esse que hoje é apenas o da população escolar da cidade, havia duas ou três ruas calçadas, umas dez carruagens puxadas por cavalos.

Não mais que 20 automóveis, apenas um Grupo Escolar, o atual Senador Correia, o Colégio Sant’Ana, o Colégio dos Padres; duas ou três escolas isoladas; ah! mas havia duas orquestras sinfônicas, duas bandas de música, duas escolas de música, dois teatros e dois cinemas; a vida artística era, naquela época, bem mais intensa do que hoje; os ponta-grossenses que desejavam realizar estudos superiores, iam para Curitiba ou para Itapetininga, as mais próximas, outros para São Paulo e Rio; as moças iam para Curitiba, estudar no colégio Cajuru, ou na Escola Normal, e naquela data, abriam-se para elas as portas de uma escola, de nível primário como as outras do Estado, que as capacitaria para a excelsa missão de ensinar.

E os braços trêmulos; aos beijos fraternais, marcarão nas faces nova despedida, agora definitiva, expressando a saudade revivida e o adeus mais sentido.

A Escola Normal Primária de Ponta Grossa, que a 27 de fevereiro de 1924 foi inaugurada, com 47 alunas, comemora o Jubileu de Ouro, engalanada, e com novo título: Instituto de Educação “Prof. Cesar Prieto Martinez”.

Quando da inauguração, disse a saudosa mestra Maria Luiza Ruth: “A Escola Normal é uma pérola que o Presidente Caetano Munhoz da Rocha e o Inspetor Geral de Ensino Prof. Cesar Prieto Martinez engastaram na coroa da Princesa dos Campos”. Hoje podemos dizer: o Instituto Estadual de Educação “Prof. Cesar Prieto Martinez”, é entre outras pérolas da coroa da Princesa dos Campos, a mais preciosa, mais valiosa porque mais antiga e mais querida. Foi o primeiro glorioso marco na história cultural de Ponta Grossa. Orgulho da cidade! Joia preciosa no escrínio de muitos corações!

Ponta Grossa, 27 de fevereiro de 1974.

Maria Eulina dos Santos Schena

Acervo: Instituto de Educação Prof. Cesar Prieto Martinez

A Profª Maria Eulina dos Santos Schena nasceu em Ponta Grossa, em 23/02/1908 e faleceu em 14/04/1981. Formou-se na Escola Normal de Ponta Grossa em 1934. Foi professora da Escola de Aplicação (anexo da Escola Normal) e diretora da Escola de Aplicação em 1933 e de 1952 a 1957. Foi também professora da Escola Normal. É patrona da cadeira nº 33 da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG). Uma biografia mais completa foi elaborada por Luísa Cristina dos Santos Fontes, publicado no livro “Biografias de diretores e diretoras da Escola Normal de Ponta Grossa - Instituto de Educação Prof. Cesar Prieto Martinez” (2024), organizado por Carmen Lúcia de Souza Pinto, Jefferson Mainardes e Lindamar de Fátima G. Miranda (disponível em: https://www.textoecontextoeditora.com.br...AA-edicao/116).