Linguagens da fome

O movimento decolonial de Carolina Maria de Jesus

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5935/2177-6644.20240018

Resumo

O presente artigo propõe uma análise das práticas sociais relacionadas à insegurança alimentar descritas por Carolina Maria de Jesus (2018), considerando-as fundamentais para evidenciar o caráter interseccional da fome na sociedade moderna-colonial capitalista. Na obra, a linguagem expressa uma ordenação do mundo, explorando as relações de dominação, especialmente o racismo, sexismo e a grave insegurança alimentar. A fome é interpretada como uma forma de dominação imposta pelas manifestações dos padrões de poder da colonialidade, representando uma relação histórica de subalternização dos sujeitos. Isso não se limita a uma situação estática, mas é entendido como um agente no contínuo colonial. Conforme apontado por Jesus, a fome é uma forma de escravização (2018), assemelhando-se à escravidão abolida em 1888 e sustentando as bases do capitalismo moderno ocidental. Nesse contexto, adota-se uma abordagem de geopolítica do conhecimento, reconhecendo-o como um espaço de produção dos sujeitos e das sociabilidades. O movimento de Jesus é compreendido como um deslocamento decolonial, manifestando-se através de sua escrita e dos sujeitos da obra.

 

Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus. Quarto de Despejo. Decolonialidade. Fome. Literatura.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Victória Mello Fernandes (UFRGS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UFRGS), na linha de pesquisa Violência, Conflitualidade, Direito e Cidadania. Mestra em Sociologia e Cientista Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania (UFRGS/CNPq), do Núcleo de Etnografias Urbanas (Cebrap/NEU) , do Núcleo de Estudos sobre Critica da Colonialidade e do Núcleo de Antropologia do Direito (USP/CNPq), associada da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). Integrante da equipe coordenadora do Projeto de Extensão PalavraMundo (educação em contextos de privação de liberdade), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora do grupo de pesquisa Trabalho, Educação e Conhecimento (UFRGS/CNPq). Tem experiências e interesse nos campos da Sociologia do Direito, Sociologia da Punição e Minorias Sociais, com ênfase em estudos sobre o cárcere e privação de liberdade, educação de em contexto de privação e restrição de liberdade, direitos humanos, saúde, loucura e psiquiatria no Brasil, e pensamento decolonial. É membro da Comissão de Validação de Relatoria para Remição de Pena pela Leitura, da Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE/RS). Atua em oficinas de remição de pena pela leitura e em Projeto de troca de cartas com mulheres privadas de liberdade. E-mail para contato: victoria.fernandes@ufrgs.br

Ana Beatriz Lopes da Silva (UFRGS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Alimentação e Sociologia Urbana. Bacharel em Sociologia pela Universidade Federal Fluminense. Pós- Graduada em Direitos Humanos e Cidadania Global pela PUC-RS. Mestra em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), se aprofundando no tema da segurança alimentar e seus impactos nos ambientes urbanos assim como na identidade dos afetados pela insegurança alimentar. Participante dos grupos de pesquisa SOPAS e GEPAD, além de atuar como Social Media Manager no Sopas.

Downloads

Publicado

2024-06-10