A expansão da pós-graduação em Geografia no Brasil entre 1991 e 2020

Resumo

Busca-se contextualizar, apreender e quantificar o processo de expansão e interiorização dos programas de pós-graduação em Geografia no Brasil nas últimas três décadas, isto é, entre 1991 e 2020. Para tanto, discutem-se as políticas de implementação, consolidação e expansão da pós-graduação no país de um modo geral desde a década de 1960, antes de se realizar um resgate histórico do ensino e pesquisa em Geografia e se examinar os dilemas e desafios da difusão de seus programas de mestrado e doutorado desde a segunda metade do século XX. Por fim, procede-se à quantificação e caracterização geográfica dessa expansão desde 1991, período quando se verificou um notável crescimento do número de programas tanto em regiões onde estes já existiam como em novos contextos espaciais. Constatou-se, além da expansão quantitativa, uma desconcentração que resultou na reversão do quadro inicial de extrema concentração de programas no Sudeste, especificamente em São Paulo. Se em 1991 apenas seis estados concentravam os dez programas existentes, metade dos quais naquele estado, em 2020, após uma taxa de crescimento decenal de aproximadamente cem por cento, os 77 programas de pós-graduação em Geografia distribuíam-se pelas 27 Unidades Federativas, sendo que em São Paulo, estado ainda com o maior número, localizavam-se cerca de 10% destes. Também se constatou que, ao contrário do sugerido pelos números absolutos e por alguns autores, quando confrontados com a dimensão demográfica da região, desde os primeiros anos do presente século o Sudeste caracteriza-se por deficiência de programas de pós-graduação em Geografia, característica que compartilha com o Nordeste, enquanto as demais regiões expõem excedentes, notadamente o Centro-Oeste, a região relativamente mais beneficiada pela recente política expansionista.