Neoliberalismo e proteção social no capitalismo: as “redes de proteção” ao adolescente em conflito com a lei no Brasil

Conteúdo do artigo principal

Luciano Aparecido De Souza
Ana Paula Pinto Martins
Angelica De Oliveira Machado Makro Malta
Adriana Zoccal Arvati

Resumo

Neste artigo são explicitadas as relações entre o avanço do neoliberalismo e a institucionalização das chamadas “redes de proteção” aos adolescentes submetidos às políticas e instituições de atendimento socioeducativo no Brasil. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental de caráter exploratório-descritivo, cuja coleta, sistematização e análise dos dados seguem o método hermenêutico-dialético. Os resultados da investigação revelam que o modelo de proteção social em “rede”, atualmente aceito para a administração da criminalidade juvenil no Brasil, incorporou o tipo específico de atenção estatal compreendido na Matriz Residual da Proteção Social. Os resultados sociais do modo de produção capitalista, a adesão do Estado Brasileiro aos princípios do neoliberalismo e do neoconservadorismo, a produção jurídico-administrativa e social do “ato infracional”, bem como a classificação diferencial da criminalidade juvenil, explicitam o caráter econômico e a natureza de classe presentes na oposição entre a propriedade privada e a desigual distribuição da riqueza material socialmente produzida.

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Como Citar
SOUZA, L. A. D.; MARTINS, A. P. P.; MALTA, A. D. O. M. M.; ARVATI, A. Z. Neoliberalismo e proteção social no capitalismo: as “redes de proteção” ao adolescente em conflito com a lei no Brasil. Emancipação, Ponta Grossa - PR, Brasil., v. 20, n. especial, p. 1–15, 2020. DOI: 10.5212/Emancipacao.v.20.2014395.008. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/emancipacao/article/view/14395. Acesso em: 27 abr. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Luciano Aparecido De Souza, Secretaria de Estado do Trabalho, Justiça e Cidadania do Paraná - SEJU - PR

Mestre em Planejamento e Governança Pública pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professor Orientador do Curso de Especialização em Políticas Públicas e Socioeducação da Universidade de Brasília (UnB) e do Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal da Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail: luciano_a_souza@hotmail.com.

Ana Paula Pinto Martins, Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente - Fundação CASA

Mestranda em Desenvolvimento Regional pelo Centro Universitário Municipal de Franca (UniFacef). Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo (FAMEESP). Especialista em Políticas Públicas e Socioeducação pela Universidade de Brasília (UnB). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). E-mail: angelsa266@hotmail.com

Angelica De Oliveira Machado Makro Malta, Centro de Referência de Assistência Social Restinga - CRAS Restinga

Especialista em Políticas Públicas e Socioeducação pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Saúde Pública pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Graduada em Psicologia pela Universidade São Francisco (USF). E-mail: azarvati@gmail.com.

 

Adriana Zoccal Arvati, Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente - Fundação CASA

Especialista em Políticas Públicas e Socioeducação pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Psicologia Social das Organizações pelo Instituto Sedes Sapientiae. Graduada em Psicologia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UniCastelo). E-mail: appintomartins@gmail.com.

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