O ensino da língua frente à internacionalização dos conhecimentos: qual é o espaço do professor?
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Resumo
Discute-se a possibilidade de que o professor mantenha autonomia para elaborar as próprias aulas frente aos movimentos de circulação internacional dos conhecimentos. Para tanto, propõe-se um percurso histórico que: a) revisita a introdução da Linguística na universidade brasileira e sua relação com o ensino do português; b) aponta um deslocamento na relação proposta entre pesquisa linguística e ensino da língua concomitante à adoção de políticas de estandardização do ensino a partir da década de 1990; c) caracteriza as políticas vigentes a partir de então como calcadas em um princípio “ecumênico” que vem deslocando a produção científica nacional em favor do aumento da circulação de postulados originários de pesquisas realizadas no exterior. Ao fim, propõe-se o exame de dois exemplos de aulas elaboradas por professores que ilustram: a) movimentos de relativa preservação da autonomia para tomada de decisões; b) a reprodução de tendências ligadas à massificação e internacionalização dos conhecimentos educacionais.
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