ETNOGRAFIA NA SALA DE AULA - Doi: http://dx.doi.org/10.5212/OlharProfr.v.11i1.023042
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Resumen
O tema apresentado neste artigo faz parte de uma tese de doutorado sobre o sistema de ensino brasileiro, cujo objetivo foi estudar a repetência e construir novas explicações sobre o fracasso do ensino de matemática no Brasil. As salas de aula brasileiras podem ser descritas pela metáfora “centro e periferia”. Segundo essa estrutura, o professor não nsina a todos os alunos. Os alunos ensinados - e que não são reprovados - são os do “centro” da sala de aula; os outros ficam na periferia do ensino. As salas de aula de matemática têm menos alunos nos centros do que as de outras disciplinas. Isso pode ser se explicado pela crença universal de que a disciplina matemática não está ao alcance de todos. A pesquisa de campo desenvolveu-se em dois anos, através de estudo de caso de duas escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro, uma municipal e outra estadual. Observações em salas de aula, em conselhos de classe, nos recreios, em reunião de pais, nos refeitórios foram realizadas como metodologia. Constatou-se que existem dois tipos de alunos no “centro”: os do primeiro tipo, conforme a teoria da reprodução, são alunos cujas condições extra-escolares contribuíram para seu lugar privilegiado na sala de aula; os do segundo tipo são alunos com condições sociais mais simples. De acordo com o chamado “efeito Pigmalião”, tais alunos foram escolhidos para serem ensinados pelo professor. Essa escolha é justificada pelas representações docentes, as quais são como profecia que se cumpre por si mesma: muitos alunos não aprendem matemática, porque poucos são ensinados pelos professores.